A identificação e posterior detenção de um cidadão americano, residente na zona de Sintra e há mais de 40 anos procurado pela justiça americana, tem despertado muito interesse, junto da opinião pública. Vários escritos, em particular no mundo dos blogs, têm sido produzidos sobre a matéria, sobretudo relacionados com as técnicas utilizadas pelos Estados Unidos para descobrir o paradeiro do fugitivo. Alguém chega mesmo a levantar a ideia de que os americanos teriam acesso aos milhões de impressões digitais arquivadas no Ministério da Justiça.
Tudo isto mostra que a nossa imprensa, e quem comenta, não tem ideia alguma de como funciona o sistema de segurança internacional. Na verdade, existe um sistema de intercepção de comunicações altamente sofisticado. As comunicações provenientes de Portugal, bem como as que a ele se destinam, incluindo emails e chamadas para certos números de interesse, do ponto de vista da segurança, passam pelo crivo. Infelizmente, não é possível entrar em pormenores, mas tudo começa dessa maneira, num caso como este.
O sistema é gerido pelos EUA e pela Grã-Bretanha, em conjunto com o Canadá, Austrália e a Nova Zelândia.
O texto que hoje publico na revista Visão faz uma análise do conflito entre Israel e a Palestina, no seguimento da decisão palestiniana de pedir para ser reconhecida como Estado membro da ONU.
Como o exercício em que estou metido se passa num país imaginado, e os dias são longos, estou a ficar cada vez mais distante da realidade da UE e do resto do mundo. Espero voltar à terra no Sábado ao fim do dia.
Está uma noite muito agradável, para esta altura do ano, em terras bálticas.
Depois de ter passado o dia fechado num país imaginário, num cenário de conflito que os meus generais têm que resolver, até ao fim da semana, que, nestes exercícios, as "guerras" evoluem muito rapidamente e de um dia para o outro avança-se o caso que está em estudo de vários meses, fui dar uma volta pela cidade. Uma das impressões que fica, mesmo no meu caso, é que estas gentes são de grande estatura física. Parecem viver no andar de cima. Mas não vivem nas nuvens
Despertar: 0530. Voltar para o quarto: 2245. Long day, como eles dizem!
O peixe, servido com todo o cerimonial, à hora do almoço, teve a honra de voltar para trás, que isto de comer peixe fumado que passa, depois, pela panela de cozer, não é para todos. Infelizmente, ninguém conseguiu dizer-me qual poderia ser a identidade do pescado.
À noite, o jantar foi melhor: costeletas de borrego, coisa séria e bem preparada. Que diferença entre a Academia e o hotel! Só que, sentado entre uma generala da força aérea e um general de operações especiais, com uma sala cheia de vozes habituadas a comandar, não dava para entender o que diziam. A generala falava com uma voz muita baixa e com um sotaque de Saint-Cyr. O homem falava à maneira de Sandhurst. A minha táctica era dizer que sim de dois em dois minutos. Ambos acharam que eu sabia muito sobre estratégia militar.
De manhã, dei a volta à cidade de barco. Cheguei ao porto no momento em que o ferry proveniente de Estocolmo começava a descarregar os automóveis e os passageiros. Um navio de grande porte, com um nome extraordinário para um ferry: Romantika. O porto está situado no Rio Daugava, a vários quilómetros do mar, um pouco à semelhança de Lisboa.
Há centenas de patos por toda a parte. Pela maneira como se comportam, dão a entender que arroz de pato ou pato à moda de Pequim não são pratos apreciados por estas zonas.
Depois, percorri a parte Art Déco da cidade. Um longo passeio a pé, num sector de Riga que data do fim do século XIX e das primeiras décadas do século XX. Tem edifícios bem representativos da prosperidade da época.
À tarde, foi tempo de escrita.
E agora, antes do fim do dia, começa a semana. Primeiro, com uma intervenção sobre o enquadramento político e depois sobre os aspectos legais das missões de paz. A partir daí, é um rodopio de exercícios, até Sexta-feira. Não haverá muito tempo para ir saudar os patos ou admirar as estátuas que enfeitam os prédios de outros tempos.
No Norte da Europa, este é o fim-de-semana que celebra a festa das colheitas. Marca, também, o fim do Verão. Lembra-nos as raízes agrícolas dos povos europeus.
Em Riga, a cenoura teve as honras do dia. Foram feitas várias figuras e esculturas com cenouras, representações humanas, um galo, um galgo, um abrigo, a estátua da praça da festa foi decorada com um colar de cenouras e uma coroa de maçãs, as crianças fizeram trabalhos manuais com as ditas, mais outras abóboras, e legumes equivalentes, enfim, deu para pôr a população na rua, muita gente, a aproveitar o Sol de fim de estação e a comer coisas típicas nos quiosques, incluindo uma espécie de chucrute e uma variedade de maçãs cortadas em caracol, enfiadas num espeto e assadas com mel.
Às 18:00 horas terminou a festa.
As pessoas retiram-se cedo. A partir daí, só há animação nos restaurantes que estão na moda - o Lido, por exemplo, um pouco fora do centro, com mais de dois mil e tal metros quadrados, todo em toros de madeira, uma atracção incontornável, sabores do Báltico - ou na zona da velha cidade, onde surge uma mistura, que não se mistura, de turistas e jovens letões com mesadas ou pecúlio para gastar. Nas esplanadas é frequente ver clientes enrolados em mantas, fornecidas pelo estabelecimento, que as noites começam frescas. Um copo de cerveja de meio litro custa 1,60 euros e os pratos mais caros andam pelos 16. Tenha-se em conta que um quilograma da melhor carne de vaca custa, no mercado, menos de 10 euros.
Como tenho que escrever um texto sobre a crise israelo-palestiniana, acordei a pensar que quem semeia desespero, colhe revolta. É tudo uma questão de tempo.
A dinâmica no Médio Oriente foi hoje profundamente alterada com o pedido formal, feito pelo Presidente Mahmud Abbas, para que a ONU reconheça a Palestina como um Estado membro da organização.
O jantar de hoje teve como tema a operação no Norte de África. Lições aprendidas durante todo o processo de planificação, sobretudo, em que medida esta operação a sério -for real- seguiu a metodologia que temos estado a ensinar aos oficiais generais e superiores.
Antes do jantar, tinha estado em contacto com o director da Visão, para planear a iniciativa deste ano, novamente em conjunto com a EDP, sobre o ambiente e as energias renováveis. Ficou combinado que vamos falar de couves, feijão e outras coisas agrícolas, que a segurança alimentar faz parte da segurança internacional. A ministra falará da agricultura portuguesa. Vai ser interessante. Encontro marcado para Novembro de 2011.