11 de Setembro, 10 anos depois. Num dia assim, o único pensamento possível tem que ser de homenagem a todos os que então, e outros, mais perto de nós, foram vítimas da violência política cega e dos extremismos assassinos.
É também o momento de voltar a lembrar que o respeito pelos direitos humanos é um pilar fundamental da vida de agora. Da nossa civilização.
Infelizmente, esta é uma área onde muito ainda está por fazer.
Qual é o espaço que o ensino obrigatório português reserva à aprendizagem dos direitos humanos?
Terminamos a semana com muito ruído político mas sem ideias novas. Somos, cada vez mais, um país de frases ocas, que confundem grandiloquência com substância. Quem escreve, comenta e fala publicamente perde-se num estilo majestoso, que nada explica, nada propõe, nada resolve.
O pior é que os portugueses se habituaram a gostar da eloquência das asneiras bem ditas. E os jornalistas e companhia ficam em adoracao perante umas tolices ditas por gente que já foi de peso e outros que se julgam importantes. É um jornalismo de boquiabertos.
Quando não zurramos de modo sublime, fazemos propostas tolas, como as um senhor que parece que por aí anda e que tem uma lista de instituições e serviços da administração pública que devem ser eliminados. O homenzinho confunde a poda com o desbaste, quando o que é de facto preciso é reformar a quinta do Estado. Cortar a rama é solução de quem não sabe fazer melhor ou tem medo do abate a sério.
Fui hoje condecorado pelo governo da Polónia com a medalha de ouro das Forças Armadas Polacas. A cerimónia decorreu na embaixada da Polónia em Lisboa. A decoração reconhece o apoio que prestei aos contingentes militares polacos que estiveram destacados no Chade em 2008 e 2009, no quadro da missão de paz da ONU -a MINURCAT - de que eu era o chefe máximo.
Faz justiça, como disseram as autoridades de Varsóvia, à minha direcção política das tropas polacas.
Foi interessante estar com os diplomatas polacos acreditados em Lisboa. Gostam de estar em Portugal, sentem-se bem com o nosso Sol, bebem o nosso vinho com muito gosto e falam um excelente português.
Não lhes disse que a Polónia fez o que Portugal ainda não fez.
A convite do Instituto Diplomático, proferi hoje uma palestra sobre a ONU e as missões de manutenção de paz. Esta é uma das problemáticas mais debatidas pelo Conselho de Segurança. Até por se tratar de uma área de intervenção que gasta anualmente 8 mil milhões de dólares e mobiliza cerca de 100 000 militares e polícias. Emprega, além disso, cerca de 20 mil civis.
Uma boa parte da audiência era constituída pelos novos adidos de embaixada. Gente que está no começo da carreira diplomática. Jovens com um grande potencial analítico e habilidade política. Para quem, como eu, começou a tratar de assuntos internacionais em 1976, quando estes jovens ainda não tinham nascido, o ter a oportunidade de ver uma nova geração de diplomatas é sempre um encanto.
Tive a oportunidade, no final da minha intervenção, de lembrar à assistência que Portugal tem ganho prestigio internacional, enquanto país, com a participação em missões de paz. Como também recordei que as nossa forças armadas e de segurança têm adquirido maiores conhecimentos técnicos e maior motivação, quando integram esse tipo de missões.
Em 2010, a comunidade internacional perdoou 90% da dívida soberana (pública) da República Democrática do Congo. A decisão foi tomada no quadro da Iniciativa sobre os Países Pobres Muito Endividados.
É bom saber isso. Sempre dará alguma luzinha de esperança a alguns.
O Presidente Barroso disse, hoje de manhã, que não acredita que a Europa entre numa recessão.
Durante o dia, os mercados financeiros disseram o contrário. Ou seja, mostraram que não há confiança nem acreditam nas palavras de líderes de peso relativo.
Ignorar a inteligência dos cidadãos é um erro político grave. Estamos numa época em que o acesso às mais diversas fontes de informação e de opinião é fácil. Os eleitores estão informados, lêem os comentários mais diversos e formam uma posição sobre os principais factos políticos. Um governo que não tenha isso em linha de conta acabará, rapidamente, por perder apoio.
O governo de Passos Coelho está, neste momento, a perder a batalha da informação. O que aparece agora como uns primeiros tiros de aviso pode rapidamente tornar-se num cerco da opinião pública. Há, pois, que rever a estratégia de comunicação da política do governo.
Sem esquecer, no entanto, que por melhor que seja a comunicação ela só tem peso suficiente se assentar num programa de governação que faça sentido para cada um dos cidadãos. Ora, isso também está a faltar.