Depois do almoço, voei para Bangui. Para me encontrar com o António Guterres, que está de visita aos campos de refugiados da República Centro-Africana. Falámos da situação política da região, não da política interna deste país, que essa tem muito pouco que se lhe diga. Só querelas entre personalidades e falta de sentido nacional. Passámos em revista as questões humanitárias.
Jantámos juntos, dois altos quadros da ONU, ambos portugueses. Tivemos percursos muito diferentes. Mas sendo da mesma geração e idade, e do mesmo nível hierárquico, foi, como sempre, um encontro descontraído. Intelectualmente rico. Curiosamente, nenhum de nós tocou na situação política portuguesa. Foi tudo sobre assuntos internacionais, ou as nossas experiências com governos muito difíceis, por esse mundo fora, sobre as vivências humanas e os contactos com a miséria e a desconfiança e muito pé atrás.
Mas, Portugal, nem nos veio à mente.