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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Cooperação

No final do século passado, os países mais desenvolvidos comprometeram-se a dedicar 0,7% do seu PIB ao desenvolvimento. Foi, para muitos, uma promessa de maus pagadores. A OCDE ficou com a responsabilidade de monitorizar essa promessa e várias vezes a lembrou aos estados membros. Muitos deles, ficaram no patamar dos 0,3-0,4%. 

 

Um dos países que mais investiu em desenvolvimento e tem procurado atingir essa meta é o Reino Unido. O governo conservador fez uma série de cortes orçamentais, ao chegar ao poder, mas não tocou nos recursos da cooperação para o desenvolvimento. O Department for International Cooperation (DFID) é uma das instituições mais avançadas em matéria de políticas de desenvolvimento. Muitas das novas ideias germinaram no DFID, quantas vezes em estreita colaboração com o PNUD, o Programa da ONU para o Desenvolvimento. 

 

Agora foi a vez da Bélgica. Apesar das restrições nas finanças públicas, acaba de confirmar que o objectivo dos 0,7% faz parte das suas intenções políticas. Neste momento, o país gasta cerca de 1,5 mil milhões de euros por ano com a cooperação, o que corresponde a 0,64% do seu PIB. 

 

É bom falar nestas coisas, numa altura em que a Europa mobiliza centenas de milhares de milhões para ajudar alguns dos seus membros. 

Patriotismo, vinhos e valor

Sempre que vou à Suíça fico alojado a cerca de 30 km de Genebra, no Cantão de Vaud. O hotel fica à beira do Lago Léman, numa zona rural.

 

Existem vários restaurantes para gente exigente, nas diferentes aldeias vizinhas. As minhas deslocações incluem uns jantares oficiais. Curiosamente, as refeições são sempre acompanhadas por vinhos da região, muitas vezes mesmo da aldeia onde se situa o restaurante. Os anfitriões suíços, gente que conhece o mundo e num dos casos, grande produtor de vinho na Califórnia, não hesitam: a escolha é para uma pinga da terra. 

 

Até aí, nada de especial. O problema é que estes vinhos do Vaud são, em geral, de fraca qualidade. Mas, mesmo assim, não há hesitações. Bebe-se, o que a terra produz. Embora os anfitriões tenham consciência que há melhor opções.

 

Quanto ao preço, esse sim: é de alto valor. 

Funcionários

Ao fazer o meu exercício do costume no parque aqui ao lado, esbarrei - sem preocupações, falo em sentido figurado - novamente com uma das equipas de jardinagem. Sete homens grandes, vestidos a rigor, todos naquele uniforme laranja fluorescente que não os deixa passar despercebidos, dois carrinhos de mão, três ou quatro ferramentas, novas e limpas, a dar a volta pelos caminhos da verdura. Conversavam animadamente, o habitual, e por ali andavam. É assim o quotidiano no Parque Josaphat, em Bruxelas.

 

Não quero acrescentar que à volta do parque andam, e também um pouco por toda a parte, em grupos de três, uns agentes de segurança pública, homens e mulheres que caminham pelas ruas, com um uniforme especial, sem nenhum outro equipamento, para ver se está tudo em ordem. Nem lembraria que a estes se deve juntar os vigilantes de estacionamento, também eles a percorrer todas as ruas, numa caça sem defeso à multa (que vai de 17 a 25 euros, segundo as zonas, sendo possível ser multado várias vezes pelo mesmo estacionamento, uma multa por cada vez que os vigilantes por ali passarem). É que nas ruas, ou se paga, ou se tem o papel da licença de morador, ou um disco azul.

 

Todo este pessoal é pago pela tabela do salário mínimo. São, em geral, pessoas que estavam nas listas do desemprego. Estão, agora, ocupadas.

 

Mas quanto tempo pode uma economia, que tem que confrontar a globalização, aguentar este tipo de soluções?

 

Pensei nas câmaras municipais de Portugal. Dizem-me que em Évora, por exemplo, há tantos funcionários camarários por metro quadrado - 1 por cada 85 habitantes, crianças incluídas - que os chefes de serviços passam uma parte do tempo a tentar inventar trabalho para lhes dar. Évora será apenas um exemplo. O resto dos municípios portugueses vive a mesma experiência. 

 

Voltando a Évora, se aos funcionários camarários forem acrescentados os funcionários públicos da administração central e os da Universidade, que panorama se obtém?

 

Que economias são estas?

Contrastes

Vivemos cada vez mais em sociedades a duas velocidades. A desigualdade já não é como outrora, em que em alguns, poucos, tinham muito, controlavam quase tudo, e a maioria não tinha nada. Hoje a desigualdade é mais subtil. Continua a existir uma camada de gente muito rica --a Forbes define esse grupo como sendo os que têm um património acima dos 100 milhões de dólares. Mas, para além desses, há uma camada social que vive desafogada, com salários e rendimentos muito acima da média. São, em geral, os que trabalham nos sectores da economia mais avançados, mais modernos e de maior valor acrescentado. São, na maioria dos casos, pessoas com um nível de educação académica elevado, virado para a inovação, para a criação de novos produtos e de novas ideias. Ao lado, vivem os que não conseguem sair das profissões de pouco valor acrescentado, de empregos que requerem qualificações mais genéricas ou pouca qualificação. Em ambos os casos, nota-se que as pessoas continuam prisioneiras das suas origens sociais. Quem vem de baixo, fica em geral em baixo. Há menos mobilidade do que se pensa. 

 

Uma cidade como Bruxelas mostra claramente onde vive quem está num grupo ou no outro. A geografia social da capital da Europa é muito clara. Quem reside na zona de Anderlecht, por exemplo, tem pouco que ver com quem vive no bairro de Woluwe Saint-Pierre. Nas zonas ocidentais da cidade - Anderlecht é um exemplo - encontramos as pessoas que têm um poder de compra menor. Algumas delas, estão no limiar da pobreza. Do lado leste da cidade - Woluwe Saint-Pierre, por exemplo -, ou a sul, vivem as famílias com rendimentos mais elevados. Nesta parte de Bruxelas, as vivendas e os apartamentos mais caros são vendidos num ápice. 

 

Na periferia da cidade, temos uma situação muito diferente da que se verifica em Portugal. As terras da periferia são, em geral, zonas de habitat recente, com vivendas modernas. Quem aí vive tem um rendimento familiar elevado, por vezes mesmo superior à média dos rendimentos nos bairros mais ricos da cidade. 

 

A grande preocupação dos dirigentes com senso tem que continuar a ser a da igualdade de oportunidades. Apesar de tudo...

 

 

 

 

 

 

 

Contra Assad

A conferência de Tunis sobre a Síria foi um sucesso. Primeiro, por ter tido lugar. Depois, pela participação de vários estados, cerca de 80. Terceiro, pelo reconhecimento que deu ao Conselho Nacional Sírio, uma coligação de várias forças civis no exílio. Ainda, por ter insistido na questão mais imediata, o fim da violência contra civis. 

 

Assad ficou mais isolado. Até o dirigente do Hamas, na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, se virou hoje contra o Presidente sírio, apesar de ter beneficiado, durante muitos anos, do seu apoio político e material. 

 

Não se pense, no entanto, que o regime está em vésperas de cair. Infelizmente, ainda vai correr muito sangue inocente. A não ser que a partir de 4 de Marco, após as eleições russas, Putin mude de postura. Em política, nunca se sabe. 

Síria, urgente

No dia em que foram mortos, em Homs, na Síria, dois jornalistas internacionais, Marie Covin, uma mulher de grande coragem, correspondente de guerra veterana, e Rémi Ochlik, um jovem de 28 anos, mas já com vários prémios no currículo, a discussão sobre uma possível intervenção militar estrangeira tornou-se mais intensa. Uma operação desse tipo, diria quem sabe, está fora das hipóteses. Mesmo uma operação com objectivos muito limitados, por exemplo, o estabelecimento de zonas de protecção de civis, é impossível, nesta fase e imprevisível, no futuro. 

 

O que é possível é o treino, acompanhamento e o fornecimento de meios aos grupos armados que se opõem a Assad. Essa parece ser uma via que está a ser explorada por alguns países, os suspeitos do costume. 

 

Mas, para a comunidade internacional, a questão fundamental mais urgente é a de pôr fim à violência contra civis. Como o conseguir? Como chegar a um acordo? Por onde começar?

 

Este tem que ser o ponto de partida para as negociações entre os principais actores internacionais. Sem mais demoras.  

Palavras com sentido

No seguimento do acordo sobre a Grécia, queria citar, sem mais comentários, as palavras escritas no Financial Times pelo antigo Vice-ministro das Finanças da Polónia, Gregorz Kolodko:

 

"Depois da última reunião dos ministros das finanças da zona euro, de que resultou a decisão de conceder à Grécia um segundo pacote de 130 mil milhões de Euros, há quem possa dizer que as coisas estão no bom caminho. Mas não é verdade. Estamos a caminho de uma catástrofe, que já está, aliás, a acontecer, embora em câmara lenta. Enganar o público e subestimar os mercados não é uma estratégia nem uma política. É pura estupidez".

O retrato da democracia deixa-nos preocupados

E a crise da democracia, em Portugal e noutros países europeus? Ninguém parece dar atenção a este assunto, mas a verdade é que a crise é real.

 

Veja-se o caso português.

 

As instituições que sustentam o nosso regime democrático estão enfraquecidas e são constantemente postas em causa. Estão a perder a legitimidade a olhos vistos. A começar pela Presidência da República, que nas últimas semanas mandou para as urtigas muito da sua credibilidade. Depois, o governo, cada vez mais fraco. Está debaixo de fogo permanente. E abre o flanco à crítica, quando nomeia crianças de vinte e picos anos como assessoras políticas dos ministros, mete Catrogas na corrente eléctrica e noutros sítios mais ou menos chorudos, sem contar com a incompetência de gente como os titulares da economia, da agricultura, da segurança social, da justiça, da administração interna, da defesa e mais e mais. Em seguida a Assembleia da República, que não tem qualquer tipo de credibilidade junto de muitos sectores da opinião pública. Da administração da justiça, nem vale a pena falar. Agora, foi a vez de se atacar a instituição militar. As polícias andam aos bonés, sem orientação nem prestígio. A oposição, a do PS, é um labirinto de indecisões. O resto, pertence ao domínio das ilusões perigosas. A demagogia é o pão nosso de cada dia. 

 

Tudo isto é, certamente, muito preocupante. 

 

Que nos valha, ao menos, uma sociedade civil com alguma genica. Mas também essa, sobretudo a ligada às maçonarias, anda nas bocas das gentes. O que resta é fraco. 

Duas realidades

A ajuda ao desenvolvimento de África cifra-se, na melhor das hipóteses, em 15 mil milhões de dólares por ano, se combinarmos todas as fontes de financiamento. Há quatro anos que o G8 anda a prometer um aumento da assistência, para chegar aos 25 mil milhões anuais.  Mas promessas leva-os o vento.

 

Tudo isto apesar de se haver demonstrado, com toda a objectividade, que o desenvolvimento de África teria um impacto positivo sobre as economias dos países mais avançados. Mas estas coisas caem em ouvidos de mercador. As populações africanas continuam na pobreza. E as relações económicas internacionais ficam no marasmo da crise actual.

 

Vem isto a propósito dos números que estão a ser discutidos esta noite em Bruxelas, para tentar salvar 11 milhões de gregos. Esses valores - 130 mil milhões para uma segunda ronda de empréstimos e 100 mil milhões de dívida pública perdoada - transformariam de vez a vida de 500 milhões de africanos. 

 

Nem quero pensar nisso.

 

  

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