Uma vez mais, o voo para Bruxelas estava a abarrotar. À sexta, no sentido que era o meu, não há eurocratas no voo. Mas havia gente de todo o tipo, incluindo portugueses em viagens de turismo de fim-de-semana. O que me faz pensar que existem contornos da nossa crise económica que eu ainda não entendo.
Mas, enfim, é bom ver que as viagens não param. É preciso olhar em frente e encher os aviões. Sobretudo no outro sentido, em direcção a Lisboa. Por isso, a abertura de uma base Easy Jet na Portela, que ontem teve lugar, é uma boa notícia. A companhia tem um dinamismo enorme, que vai resultar em mais turistas. Mesmo se o seu poder de compra não for dos mais elevados, sempre serão consumidores a injectar alguns euros na economia portuguesa, que deles bem precisa.
Novamente de viagem, nem sei bem onde. Desde Domingo à noite, tem sido um sem-parar. Hoje, numa reunião com um antigo comandante da polícia da Noruega, falámos do lunático assassino que está a ser julgado em Oslo. Disse-me que o monstro esteve a menos de trinta segundos de ser abatido pela polícia, naquele dia fatídico de Julho do ano passado. Se tivesse demorado uns segundos mais a levantar os braços, teria recebido uma bala na cabeça.
O meu interlocutor acrescentou que o caso teria ficado arrumado por menos de um euro. Mas, como se rendeu e as ordens eram para que fosse capturado vivo, se possível, está agora a custar aos contribuintes noruegueses milhões de euros.
Assim funciona um estado de direito. A necessidade de salvaguardar a vida humana, mais as necessidades da investigação e a administração da justiça, tudo isto custa muito dinheiro num estado democrático. Tudo isto pesa muito, mesmo num país rico, como a Noruega. Mas é apesar de tudo, a solução que se recomenda.
A Guiné-Bissau está de novo numa fase de crise aguda. A violência latente voltou a explodir.
Um dos resultados desta nova explosão: a comunidade internacional, incluindo a União Europeia, está farta das repetidas crises na Guiné. O risco de ver a comunidade internacional perder a esperança numa transição democrática nesse país é cada vez maior.
Milhares e milhares de hectares de colza cultivados em Franca. À primeira vista, parece ocupar mais espaço do que outras culturas mais tradicionais, como o trigo. Nesta altura do ano, a colza está em flor, o que dá uma tonalidade amarela à paisagem. Os campos ficam lindos.
A colza é um dos biocombustíveis mais importantes na Europa.
Se os franceses conseguem cultivar cada metro quadrado disponível, por que será que em Portugal a grande maioria dos campos está deixada ao abandono?
Passo a noite nos arredores de Rambouillet e Versalhes, a oeste de Paris. A aldeia chama-se Villiers Le Mahieu e tornou-se um exemplo de como uma zona rural se pode transformar num destino de turismo especializado: conferências e seminários, aproveitando um velho castelo do século XVI, que havia sido construído com base nas ruínas de um outro, que datava do século XIII.
Às conferências e seminários acrescentaram um campo de golfe, uns banhos termais e um excelente restaurante. Tudo num ambiente campestre que parece ter saído de uma pintura bucólica. Um quadro perfeito e tranquilo. Aqui não há casas abandonadas, a ruir porque os herdeiros não se entendem, nem depósitos de entulho nem mesmo terras que não sejam cultivadas e aproveitadas. Recupera-se o antigo, introduz-se a variável qualidade e atrai-se uma clientela de empresas que saibam dar o valor a estes ambientes e tenham condições para pagar o preço.
Afinal, a economia é uma ciência simples, de bom senso e de bom gosto, a que se junta uma boa dose de civismo por parte dos cidadãos. E uma administração pública visionária e responsável.
Jantar em Biarritz, na Praia Grande, com as ondas a bater em frente da esplanada do Casino, ajuda a esquecer uma entrada em França a passo lento, ao fim da tarde, 970 km andados desde Lisboa, com milhares de camiões, muitos deles vindos de Portugal.
É curioso ver o movimento intenso de mercadorias e de gentes, no Norte da Espanha, no País Basco, assim é, e na zona dos Pirenéus franceses. E também dá um certo conforto notar que muitos dos que por aqui viajam vêm do Norte de Portugal, camião após camião.