Ainda sobre a Grécia
Esta semana escrevo, de novo, sobre a Grecia. Era inevitável.
Creio que o meu texto na Visao vai fazer franzir alguns sobrolhos.
Está disponível em:
http://visao.sapo.pt/reflexoes-gregas=f671407
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Esta semana escrevo, de novo, sobre a Grecia. Era inevitável.
Creio que o meu texto na Visao vai fazer franzir alguns sobrolhos.
Está disponível em:
http://visao.sapo.pt/reflexoes-gregas=f671407
Berlusconi disse, com aquela teatralidade que o caracteriza, que era possível que a Itália saísse do euro...Penso que foi uma boa maneira de voltar à ribalta. Os jornais pegaram no assunto e esqueceram-se, por umas horas, do julgamento que está a decorrer em Milão contra o primeiro-ministro bunga-bunga.
Estive ontem numa reunião sobre ASEAN, a Associação dos Estados da Ásia do Sudeste, uma comunidade que reúne 10 países, num total de 600 milhões de habitantes.
Timor é candidato a membro, mas tem encontrado a oposição de Singapura, que considera a antiga colónia portuguesa como demasiado subdesenvolvida para poder ser admitida. Curiosamente, o grande aliado de Timor é o governo de Jacarta. Assim, com o apoio explícito da Indonésia é muito provável que Timor consiga entrar para a ASEAN em breve.
A UE é um grande parceiro comercial destes estados. Existem acordos privilegiados de comércio com Singapura, a Malásia e o Vietname. Outros países deverão seguir o mesmo exemplo, se Bruxelas souber jogar bem as cartas. Mas a região privilegia, acima de tudo, as relações económicas com a China, a Coreia do Sul, o Japão, a Austrália e a Nova Zelândia, por razões de proximidade. A Índia é, também, um parceiro cada vez mais presente na região.
Com uma taxa de crescimento económico de 8,2% em 2011 e de 7.3% (prevista) em 2012, ASEAN tem um dinamismo que faz inveja a muitos. Mas também tem muitos problemas por resolver. Certos estados membros têm um nível de desenvolvimento relativamente baixo - o Camboja e Myanmar são dois exemplos - e existem problemas de governação, transparência das contas publicas e de direitos humanos. Como existem, igualmente, algumas tensões militares, quer internas quer com a China, e problemas de pirataria no estreito de Malaca.
É, no entanto, uma região que vale a pena acompanhar com atenção. A UE precisa de reconhecer a importância económica e estratégica desta região da Ásia. E deve definir uma política comum para a região.
O meu novo estudo sobre o Sul Sudão e o impacto da independência neste novo país na região da África Central está agora disponível no sítio do Instituto Norueguês de Relações Internacionais (NUPI):
http://english.nupi.no/Publications/Books-and-reports/2012/Security-and-Stability
A reunião do G20, que hoje começou na costa pacífica do México, promete ser um fiasco. A crise europeia invadiu os corredores e as salas da cimeira. Os líderes do resto do mundo pedem aos europeus que se entendam e estes respondem que não têm lições a receber de ninguém.
Entretanto, os resultados das eleições gregas não parecem ter acalmado os mercados. O Citigroup considerou, esta manhã, que a probabilidade de saída da Grécia da zona euro, nos próximos 12 a 18 meses, continua ser a mesma: entre 50 e 75 por cento. O euro - a moeda, não o futebol - está esta noite em queda. A Espanha vai ao mercado de capitais amanhã e na quinta-feira, à procura de três a cinco mil milhões de euros, a prazos de 12 e 18 meses, mas terá, muito provavelmente, que pagar juros incomportáveis. A Itália está a ir pela mesma via, embora a um ritmo menos acelerado. E em Portugal, segundo me dizem, o Estado está com problemas de liquidez.
O único que parece estar optimista é Van Rompuy. Disse hoje, no México, certamente inspirado pelos ventos do Pacífico, que "... o projecto do euro sabe qual é o seu destino e nós sabemos como chegar lá". Ficamos todos mais tranquilos.
Ao contrário de muito comentário inocente que continua a aparecer, nos blogs, no Facebook, nas declarações públicas de alguns, a minha escrita não manifesta nenhuma preferência por um partido, no caso das eleições gregas de amanhã. A decisão cabe aos eleitores gregos. Ganhará quem tiver mais votos, ponto final.
Os resultados terão, de certeza, um impacto significativo, no que respeita ao resto da zona euro. Caberá, no entanto, aos estados membros da zona decidir qual deverá ser a posição a tomar perante a escolha dos gregos. Mas, sejamos claros: o que os eleitores gregos decidirem terá, antes de tudo, um grande impacto sobre o seu próprio futuro. Sejamos também muito límpidos quanto ao resto: se a escolha for contra o prosseguimento do programa em curso, que assim se faça. O programa não pode ser imposto aos gregos. O compromisso da ajuda financeira deixará, também, de ter cabimento. Seria um erro político de enormes consequências continuar a financiar uma Grécia que diz que não. Temos aqui um teste decisivo para os líderes europeus. Veremos a resposta, em breve.
Entretanto, a discussão telefónica de hoje, entre Hollande e Merkel, permitiu desanuviar a relação entre os dois. Nos últimos dias as farpas, de um lado e do outro, revelaram falta de maturidade política, por parte de quem as proferiu, e criaram tensões graves e de mau agouro.
Num momento de grandes perigos, a serenidade é um atributo fundamental. Bem como o realismo e o combate aos estereótipos nacionalistas.
Entendemo-nos?
Este é o fim-de-semana das eleições gregas. Ninguém consegue prever o resultado, com 48 horas de antecedência. Creio, no entanto, que os partidos que apoiam a execução do plano de ajustamento financeiro e institucional vão poder formar governo, numa coligação ampla, embora muito frágil.
Entretanto, os países mais desenvolvidos da UE perderam a confiança na classe política grega. A Grécia é tida como um caso irrecuperável, que convém isolar e manter à distância.
Estamos num momento de viragem.
Estava um belo dia em Lille. O centro da cidade fervilhava com a sua animação habitual. Os restaurantes estavam cheios e a comida continua a ser de excelente qualidade. Nada que fizesse pensar em crise. Lille mostrava ser, uma vez mais, uma cidade jovem, bem administrada e sem stress. Ainda bem! Os bons exemplos ajudam muito.
Continuo sem entender as greves na CP.
Mas entendo quem paga os prejuízos de centenas de milhões de euros que os caminhos de ferro portugueses acumulam cada ano que passa.
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