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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Ao Domingo, em Agosto

Creio que ainda há por aí gente que imagina que a retoma e a saída da crise podem acontecer por milagre. Como também há quem acredite que os alemães e os espanhóis querem tomar conta de nós. Ou quem não entenda que a criatividade, o trabalho, a disciplina e a abertura ao mundo são as chaves para que possamos sair da pobreza. 

Ainda sobre os Jogos Olímpicos

A Grã-Bretanha ganhou o desafio olímpico. Não me refiro apenas ao elevado número de medalhas conseguido. Os jogos foram igualmente um sucesso em termos organizativos e artísticos. As cerimónias de abertura e de encerramento serviram para lembrar que o país tem sido, ao longo de décadas, um viveiro de génios do entretenimento. Ora, a indústria do divertimento é uma fonte de riqueza importante e grande criadora de emprego.

 

Mas a grande vitória foi no domínio da política. Interna e externa. Na frente doméstica, o governo conseguiu criar uma euforia nacionalista, o que é uma proeza, numa altura de crise. A mobilização de 70 mil voluntários, que trabalharam gratuitamente durante a preparação final e o desenrolar das competições, foi a ponta do iceberg patriótico, a expressão mais visível de um civismo e um orgulho nacional exemplares. Sem o dizer de modo explicito, transmitiu-se a mensagem de uma certa superioridade britânica, uma característica que faz parte, há séculos, da mitologia popular. No que diz respeito ao exterior, Londres conseguiu confirmar a sua posição de metrópole líder da globalização, a meio caminho entre Xangai e nova Iorque. Mais ainda, a Grã-Bretanha mostrou, de novo, que quer ser vista como sendo diferente do resto da Europa. Que é uma grande nação, com projecção e ambições mundiais. Para além de querer aparecer como o ponto incontornável de ancoragem, na parte do globo em que se situa. A verdade é que conseguiu esse objectivo.

 

Vista do lado de cá, a vitória da Grã-Bretanha traduz-se no enfraquecimento da Europa. Londres está sempre pronta para dar a entender que uma Europa minimalista é a que melhor serve os interesses britânicos. Que as outras nações europeias são incapazes de ter uma visão global das relações internacionais. Que o resto dos europeus, mesmo os alemães e os franceses, têm uma visão estreita do mundo de hoje e das oportunidades que a globalização oferece.

 

Os jogos foram, aliás, mais uma evidência que a Europa, como uma entidade política unida, não passa de uma mera ilusão. Para mim, as olimpíadas foram, uma vez mais, um grande hino aos nacionalismos de vários povos. Não apenas do britânico, claro. 

Um vizinho de muito peso

O processo conhecido como Pussy Riot levanta muitas questões. Uma delas tem que ver com a estratégia a adoptar no relacionamento com Putin. O presidente russo é a única fonte de autoridade na Rússia de hoje. Existe uma subordinação institucional à política do presidente. Como deve a UE tratar com esta visão da Rússia? 

A diplomacia e o tempo

Julian Assange, o fundador de Wikileaks, vai passar uns tempos, muitos, na embaixada do Equador em Londres. Assim o prevejo.

 

A confrontação diplomática entre a Grã-Bretanha e o Equador atingiu agora o rubro. Primeiro, ontem, com uma espécie de ultimato de Londres, que "informava" o governo de Quito que, de qualquer maneira, iria proceder à extradição de Assange. Foi, na minha opinião, uma comunicação inoportuna, na véspera do anúncio da decisão do presidente do Equador sobre o pedido de refúgio, e arrogante, de grande potência, habituada a mandar nos estados "subordinados". Dava a entender que se iria proceder à entrada na embaixada equatoriana. Depois, houve a decisão de Quito. Que nas circunstâncias do ultimato de ontem, não poderia ter sido outra. Tratava-se, agora, de uma questão de soberania e de orgulho nacional. 

 

Entretanto, hoje à tarde, o Foreign Office já veio dizer que entrar não entra, mas Assange também não sai. 

 

E assim iremos ficar, por muito tempo. Que saber esperar, esperar longamente, é uma das características de uma boa diplomacia. 

Férias

Com tantos desafios ao nível da Europa e da realidade internacional, não apetece estar parado. Mas a verdade é que esta é a grande semana de férias para muitos políticos. Em Nova Iorque, a ONU está às moscas. Em Bruxelas, os corredores da Europa estão entregues aos fantasmas. Alguns dirão que não há problema, não se nota a diferença. 

 

Só não há tréguas na Síria. Uma parte da comunidade internacional deixou de apostar na diplomacia. Acredita, agora mais do que nunca, que a guerra é a solução. Trata-se de uma ilusão. Como também é um erro pensar, como outros ainda pensam, que Assad vai ganhar a aposta militar. O texto mais recente que escrevi sobre a Síria continua a mostrar-se pertinente. É preciso criar as condições para que ambas as partes se sintam forçadas a negociar. E dar férias às armas. 

Documentos e credibilidade

Não pode ser verdade que tenham desaparecido documentos importantes do processo de compra dos submarinos. Isso seria inaceitável num Estado europeu moderno, de direito e de "democracia madura", como lhe chamam os nossos dirigentes partidários. Levaria à descredibilização total dos políticos e das instituições em causa. Teria um impacto enorme sobre a imagem do país.

 

Como também não se entende bem a maneira como o Ministro Portas falou hoje do assunto, com uma troca de palavras e um ar ligeiro. 

 

É preciso esclarecer sem demoras estas matérias. São questões centrais. 

Uma maneira de ver a Europa

Os dez políticos mais perigosos da UE, segundo a revista alemã Spiegel:

 

   Viktor Orbán, Hungarian prime minister:

 

   Geert Wilders, head of the Dutch Freedom Party (PVV):

 

   Heinz-Christian Strache, head of the Austrian Freedom Party (FPÖ)

 

   Nigel Farage, leader of the UK Independence Party (UKIP) and a member of the European Parliament

 

   Alexander Dobrindt, general secretary of the conservative Bavarian Christian Social Union (CSU)

 

   Timo Soini, leader of the True Finns party and a member of the European Parliament: 

 

   Marine Le Pen, leader of the far-right Front National in France

 

   Silvio Berlusconi, entrepreneur and former Italian prime minister

 

   Bavarian Finance Minister Markus Söder

 

   Alexis Tsipras, the leader of Greece's leftist Syriza party.

 

É sempre difícil estabecer estas listas...

 

Há muitos candidatos....

 

 

 

 


Pensar nos Jogos Olímpicos

Ontem não houve escrita, houve a cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos. Tal como a de abertura, esta foi mais uma demonstração da capacidade britânica de fazer coisas bem feitas e com interesse global. Foi um exemplo de como um povo e um governo se mobilizaram para conseguir um feito de projecção mundial. A imagem do país saiu reforçada e, como tantas vezes o tenho afirmado, a imagem de uma nação é parte integrante do seu património. Material e imaterial. 

 

Tudo isto e muitos dos atletas vieram lembrar-nos umas outras verdades: que para vencer é preciso muito trabalho, muita força de vontade,  persistência, espírito de equipa e recursos. As vitorias são como o futuro: não caem do céu. Nem se improvisam, atabalhoadamente. 

 

 

A cepa torta

O Expresso diz-nos, na edição de hoje, que foi almoçar com um miúdo que Passos Coelho promoveu a vice-presidente do PSD, um atrevido vindo da autoria de um blog da direita intelectualmente arrogante e ao mesmo tempo coxa. E faz-lhe uma série de perguntas, como se o rapaz tivesse alguma coisa para acrescentar às banalidades que são habituais na maioria da intelectualidade e dos dirigentes políticos de agora.

 

Nada tenho, é claro, contra essa pessoa. Fiquei a pensar, no entanto, que com elites políticas deste calibre o país não irá a parte alguma. Mas também pensei que já estamos habituados a isso, a não sair da mediocridade. Faz parte da nossa tradição. 

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