Cidadania
Várias vezes ouvi dizer, a grandes líderes, incluindo Nelson Mandela, que sem disciplina não há progresso.
Falo, claro, de disciplina num Estado democrático. E penso muitas vezes no nosso país, que é um mau exemplo em termos de respeito pelas regras estabelecidas. Somos, enquanto cidadãos, indisciplinados e negligentes.
Pensava nisso quando lia, há umas horas, que uma senhora que há anos matara duas mulheres no Terreiro do Paço, que atravessavam a avenida na passadeira, foi agora julgada na Relação e a pena efectiva de prisão, a que fora condenada em primeira instância, ficou suspensa. A senhora fora apanhada por um radar, instantes antes do acidente, a conduzir a 120 km/h na Baixa de Lisboa.
Como é tudo isto possível? Aliás, como se pode explicar que Portugal tenha uma taxa de mortalidade nas passadeiras urbanas que é incomparavelmente mais alta do que a média da Europa Ocidental?
Na zona onde vivo, em Bruxelas, existem três radares de controlo de velocidade, num raio de 600 metros. Num dos casos, o limite é 30 km/h. Quem for “fotografado” a 31, paga 50 Euros. Se for apanhado a 51, por esse mesmo aparelho, fica sem carta por 15 dias e tem que responder perante um juiz de paz. Ou seja, não há segredo. A disciplina aprende-se quando os sistemas de sanção funcionam. Mas, não só. A escola e a família são as verdadeiras portas de entrada para os valores de cidadania.