A economia, meus senhores e minhas senhoras!
Continua falar-se muito da reforma do Estado. É um assunto importante, claro. Mas haverá, neste momento de crise profunda em que indiscutivelmente nos encontramos, um conjunto mínimo de condições políticas, necessárias para que a reforma possa ter algum sentido? A minha resposta é que não há. E por isso, falar, nesta altura, da reforma do Estado é como prometer a lua a quem vive nos arrabaldes do Cacém.
Por outro lado, o mesmo tipo de energia que se investe no debate sobre a reforma do Estado deveria ser canalizada para a reforma da economia, de modo a renovar e expandir o tecido económico, criar incentivos para a criação de empresas, para a modernização das actividades mais portadoras de futuro. E para discutir as medidas de emprego possíveis e desejáveis. Aí, sim, aí deveriam estar focalizadas as melhores mentes do nosso país.
Por que será que as inteligências que discutem, com tanto afinco, uma coisa, não se debruçam igualmente sobre a outra? Será que somos uns meros burocratas que só sabemos discorrer sobre burocracias? Ou uns meros escrivães, que acreditam que para além do corpo jurídico, do subsídio e das prebendas públicas, do funcionalismo, não há realidade?