Ter a coragem de remodelar e saber como o fazer
Nas suas memórias, Tony Blair escreve que as remodelações governamentais são sempre muito complexas e muito dadas a erros. Diz mesmo que a remodelação de 2006, a última que fez antes de sair do governo, no ano seguinte, lhe trouxe mais inimigos e problemas que amigos e apoios. Em certa medida, as memórias dão a entender que quando Blair se sentia atacado por todos os lados, o que era o caso na altura, graças nomeadamente às ambições de Gordon Brown e do seu grupo, a probabilidade de errar na escolha dos membros do governo era maior.
Eu acrescentaria, para além de estar de acordo com a confissão de Blair, que não proceder a remodelações ministeriais é igualmente um erro muito grave. Quando um primeiro-ministro vê, todos os dias, que um ministro é um pedregulho atado ao pescoço do governo, a puxá-lo constantemente para o fundo, e não o substitui, esse primeiro-ministro está a cometer um erro de grandes consequências. Mostra falta de faro político e pouca liderança.