Suspense e confusão
Ao subir a avenida dos Campos Elísios, dei comigo a olhar para os cartazes dos novos filmes e acabei por me decidir. Pouco passava das 13:00 horas e a sessão do filme que escolhera começava dentro de minutos. No balcão, a empregada, sem que eu o solicitasse, vendeu-me um bilhete sénior – 8,5 Euros – e deu-me um cartão de fidelidade. Ou seja, em relação à idade, não houve ilusões, mas teve-as quanto à minha frequência das suas salas.
Hitchcock. Um filme bem feito sobre um realizador excepcional. Mas Alfred, que era um homem de multidões, que enchia cinemas após cinemas, teria ficado decepcionado, desta vez. Comigo, incluindo este sénior, a sessão atraiu quatro espectadores.
Razões haverá muitas.
Na avenida, havia gente, como de costume a esta hora. E, como já o havia visto noutros sítios, um grupo de três soldados, armados até aos dentes, a patrulhar os passeios, para cima e para baixo. Esta é uma maneira de fazer tipicamente francesa. Recente. Umas vezes, os militares patrulham em tandem com os polícias. Outras, à parte. Duvido muito da efectividade desta medida. Duvido ainda mais da sua justeza. Numa situação de normalidade cívica, não deveríamos ter os soldados a fazer de polícias.
Andamos todos muito confusos.
O mestre do suspense que era Alfred Hitchcock diria que misturar funções e pedir a uns que façam o trabalho dos outros, sem para isso terem a necessária preparação, daria um enredo que acabaria com uma cena final de grande surpresa. E confusão.