Os novos emigrantes
Passei cerca de uma hora no Consulado-geral de Portugal em Bruxelas. A sala de espera tinha poucas pessoas. Mesmo assim, as histórias que ouvi – gente recém-chegada à emigração, sem papéis, totalmente dependente das oportunidades de emprego que outros portugueses lhes oferecem, às vezes com dolo e exploração sem limites – deixaram-me apreensivo. Em muitos dos que vão chegando, há uma mistura estranha de sofrimento, revolta, vontade de vencer e falta de preparação para a vida profissional e para compreender o mundo de agora.
Pensei que visitas regulares e demoradas a salas de espera de consulados portugueses, nos tempos de hoje, dariam azo a uma recolha de dramas de vida que, bem arrumadas num romance sobre a nova vaga de emigrantes, poderia ser um best seller.