Vai ser preciso engolir uns sapos vivos na Itália
Os círculos políticos e financeiros europeus, os que estão habituados a definir a agenda, estão hoje muito confusos e ansiosos, face aos resultados eleitorais na Itália. Para estes líderes, que são na sua grande maioria de direita, o resultado ideal teria sido uma vitória do centro-esquerda italiano – uma contradição interessante. No melhor dos mundos, o centro-esquerda aliar-se-ia ao partido de Mario Monti e continuaria a política que este levou a cabo nos últimos 15 meses.
A realidade dos resultados é diferente. Os votos obtidos pelo partido de Berlusconi deixam muitos destes círculos a pensar que o eleitor italiano é um oportunista com memória curta. Nem todos, claro, mas quase um em cada três. Se a estes se juntar quem votou pelo Movimento 5 Estrelas, fica-se a pensar que praticamente 1 em cada 2 italianos ou é tapado da cabeça ou é ingénuo.
Perante tudo isto, creio que é importante dizer que, por mais caótica que esteja a cena política, haverá uma solução. O pior cenário seria um governo minoritário do Partido Democrático. Teria imensas dificuldades em governar e acabaria por cair dentro de meses. Nessa altura, Berlusconi e Grillo estariam numa posição eleitoral ainda mais forte. Assim, a via a seguir nos próximos dias é a de tentar criar uma grande coligação do centro-esquerda com o centro-direita. Será uma coligação frágil. Tem, todavia, a vantagem de comprometer ambos os lados numa política que não irá ser muito diferente do que Monti tem estado a fazer.