A Assembleia da República acaba de nomear dois deputados para o Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP). Um deles vai mesmo servir como presidente desse Conselho de vigilância das “secretas”.
Num exemplo de renovação da classe dirigente portuguesa, os escolhidos são dois políticos que chegaram à política por serem filhos dos seus papás, que, por sua vez, foram homens políticos de marca. É a renovação em família.
A ideia agora lançada por Seguro, relativa à “mutualização do subsidio de desemprego”, uma expressão nova, inventada para dar a entender que a União Europeia aceitaria, num prazo não muito distante, dois ou três anos, teria que ser para fazer sentido, pagar o subsídio de desemprego de países como Portugal ou a Espanha, surge numa altura em que noutros cantos da Europa se discute como vai ser possível encontrar os fundos necessários para pagar os subsídios aos seus próprios nacionais.
No fundo, é apenas mais uma nuvem de fumo que tenta esconder a pobreza do pensamento de quem a sugere. Ou seja, deixa-nos a impressão que a opção política portuguesa, com os líderes que temos, reside entre o vazio de um lado e a inanidade do outro.
A continuar assim, iremos para o futuro como o cão que tenta morder a própria cauda e se move num rodopio frenético sem sentido certo.
Hoje a escrita só pode ser de apoio ao Dia Mundial dos Direitos das Mulheres.
Com uma nota para lembrar que a desigualdade não acontece apenas nos países menos desenvolvidos. Verifica-se também aqui, dentro do nosso país, da nossa casa, na mente de muitos de nós. O combate pela igualdade começa, por isso, ao nosso nível. Não é preciso procurar muito longe.
Falava hoje com uma jornalista de um diário que se publica em Lisboa e que é tido como um dos que são considerados de referência. Uma verdadeira instituição, no imaginário de muito cidadão. Tive a má ideia de lhe perguntar como vão as coisas lá no jornal. Ia-me fuzilando. Em resumo, depois de perceber que a minha pergunta era uma questão sincera, disse-me que o jornal está como o país: sem dinheiro nem estratégia, num caos, a adiar continuamente as decisões que sabe serem inevitáveis, uma casa gerida ao acaso dos dias, dos favores e do que aparece, em que cada um pensa apenas em como sobreviver ao naufrágio anunciado.
Estive na assembleia geral anual da Associação das Nações Unidas da Bélgica (APNU). Trata-se de uma das duas associações de apoio às actividades da ONU e de divulgação junto da sociedade civil dos grandes temas que preocupam o sistema das Nações Unidas. Ambas são organizações de cidadãos, jovens e de todas as idades. A APNU congrega a parte francófona do país. A outra, conhecida pelas iniciais VVN, reúne os associados de língua flamenga. A cooperação entre ambas é bastante boa, embora se trata de organizações independentes e com dinâmicas muito diferentes.
A APNU tem um orçamento anual de pouco mais de 8000 Euros. Com esta quantia irrisória, consegue organizar várias palestras públicas por ano, dar a conhecer a ONU, de modo sistemático, nas principais escolas de Bruxelas, ter duas células de apoio, uma na Universidade Livre de Bruxelas e outra na Universidade Católica de Lovaina, e manter um sítio internet actualizado. Leva a cabo, além disso, sessões regulares de cinema, com filmes comerciais que são depois debatidos por especialistas na matéria em causa. E ainda ajuda jovens estudantes a encontrar apadrinhamentos financeiros que lhes permitam ir visitar as sedes das agências da ONU.
O segredo de tudo isto é o trabalho voluntário dos seus associados. Gente empenhada em fazer coisas, sem qualquer tipo de remuneração ou proveito pecuniário.
Na assembleia de hoje, havia necessidade de preencher dois dos dez lugares no Conselho de Administração da APNU – lugares que acarretam trabalho e dedicação, sem compensação monetária – e surgiram quatro candidatos voluntários. Tudo gente com emprego, com coisas para fazer, mas que não se importa de fazer um esforço suplementar, por achar que a causa vale a pena.
Tenho recebido mails sobre este texto que muito agradeço.
Cito umas linhas do meu texto:
"Uma integração mais eficaz ao nível nacional deve ser acompanhada por uma melhoria da interacção ao nível dos aliados. No que respeita às forças armadas, o investimento deve ser feito no quadro da NATO e não no da UE. As experiências recentes na Líbia e no Mali mostraram que sem o apoio de inteligência, de definição dos alvos e de logística dos Estados Unidos, enquanto parceiro na NATO, estas operações não teriam tido os mesmos resultados. Convém ser claro: sem Washington, a Europa da defesa é dificilmente defensável. Não é uma questão de cortes. Falta, isso sim, uma estratégia que tenha em conta os novos desafios, os meios prioritários e a relevância da cooperação entre os estados."
De novo na Suíça, para uma reunião sobre iniciativas de paz na região do Médio Oriente e Norte de África, na Ásia Central e em Myanmar.
Entretanto, no jantar de hoje, discutiu-se a como forçar certas elites a ir para além da sua zona de conforto e aceitarem o desafio dos que pensam de um modo diferente. Não foi uma discussão fácil, pois as elites, em geral, preferem resguardar-se de confrontos, mesmo quando são apenas lutas de ideias. Preferem não ser postas em causa. Assim se entra na rotina e na adopção de soluções que já são conhecidas e já revelaram que não levam a parte alguma.
As manifestações de rua que marcaram a tarde deste Sábado em Portugal foram assunto importante nas notícias europeias. A imprensa internacional sublinhou o grande número de participantes e as razões que levaram as pessoas à rua. Deviam também ter posto em evidência o civismo com que tudo decorreu.