Abrir os olhos e olhar o mundo
Creio ser uma ilusão, que poderá custar caro, pensar que os outros estados membros da União Europeia, a começar pela Alemanha que sair das eleições deste mês, irão estar mais flexíveis, no que respeita à execução do programa financeiro português. Quem assim pensa acredita que vai ser possível atenuar os prazos de cumprimento das metas e obter dinheiro fresco, sem condições estritas, para um programa intercalar ou cautelar, após a troika e antes do regresso total aos mercados.
A verdade é que os países europeus estão cada vez mais introvertidos. A solidariedade entre as nações europeias é, neste momento e no futuro mais próximo, moeda de pouco valor. Não se pode contar com ela.
Teremos, isso sim, que contar connosco. Isso passa, entre outras coisas, por sabermos defender, sem hesitações, os nossos interesses perante os interesses dos outros. Temos que saber jogar dentro do sistema e ter a coragem das nossas convicções.
Os que acreditam que a solução passa pela saída do euro estão redondamente enganados. A saída seria um salto no desconhecido, um mergulho numa miséria ainda maior. Uma moeda nova e desvalorizada não aumentaria a nossa capacidade de exportação de modo que compensasse. Muito do que exportamos tem incorporado partes e componentes importados. Importaríamos mais caro para vender mais barato.
A solução passa, isso sim, pela nossa criatividade, conhecimento e capacidade de nos conectarmos devidamente ao mundo exterior. Tem que ver com um país aberto ao mundo, não com uma terra fechada sobre si própria.
O tempo do “orgulhosamente só” já passou. Não deu resultado na altura e não daria mais pão agora.