Matilhas e informação
A matilha voltou novamente a devorar a credibilidade da comunicação social. É um espectáculo triste, que traduz bem a qualidade das decisões tomadas pelos editores de jornais e imprensa considerados sérios. E, quando foi repetida e ampliada nas redes sociais, mostrou de novo a ingenuidade que povoa esses meios de comunicação.
Tudo começou pela publicação, num jornal de Hong Kong que é lido pelos feirantes de rua locais, enquanto esperam pelos clientes – um pasquim que passa o tempo a inventar historietas de face e alguidar e outras coisas fantásticas, quando não está ocupado a vangloriar as políticas do Partido Comunista Chinês, um partido que retribui esse serviço com um apreço zero pelo jornal em questão. Um dez dias mais tarde, na altura do Natal, quando muitos jornalistas estão de férias e é preciso encher as páginas com qualquer coisa, um jornal mais conceituado, creio que de Singapura, pegou na invenção produzida em Hong Kong e deu-lhe uma pincelada de profissionalismo.
A partir daí, a “notícia” correu meio mundo e ganhou estatuto. Incluindo na imprensa portuguesa de referência. Chegou-se ao pormenor de dizer que eram 120 mastins, veja-se bem, 120, uma multidão fora do senso destas coisas, o que significa que cerca de 110 não comeram nada e ter-se-ão devorado uns aos outros.
Tudo isto, uma idiotice a acrescentar à loucura de sobrinho assassino, que despachou o tio à boa maneira das ditaduras militares, frente a um pelotão de fuzilamento. Como é do conhecimento de certas embaixadas, “geralmente bem informadas”.
Quem não anda bem informado é que depende apenas de alguma comunicação social.