O FMI e os políticos europeus
Nestes últimos dias tem-se falado muito do FMI, o Fundo Monetário Internacional. Parece que certos políticos europeus, portugueses e outros, têm uma inimizade de estimação, no que respeita ao Fundo. Dizem, agora, que não o querem ver como parte de futuras Troikas. Que a presença do Banco Central Europeu e de outras instituições europeias é mais do que suficiente para garantir a execução de um programa de ajustamento financeiro.
Há aqui alguma ingenuidade.
Esses políticos fazem-me pensar nos dirigentes africanos que afirmam alto e bom som que “os problemas africanos devem ser resolvidos pelos africanos”. A verdade é que quando a porca torce o rabo, é preciso ir mais longe e envolver as instituições internacionais com vocação e experiência na resolução destes problemas.
O mesmo se passa com os ajustamentos financeiros. A Europa não tem experiência na matéria. Nem tem credibilidade internacional suficiente, quando se trata dos assuntos dos seus, para dar um sinal de confiança aos investidores internacionais.
Mais. Não vejo o BCE pronto para aceitar o financiamento de um programa sem o aval conjunto do FMI.
Para além de ingenuidade, há aqui também uma certa forma de racismo europeu. A muitos políticos custa-lhes ver alguém do chamado Terceiro Mundo à frente de uma missão em visita a um Estado europeu.