O enfraquecimento das instituições democráticas
As democracias europeias reconhecem o direito de manifestação. As ruas e as praças públicas estão abertas, entre outras coisas, para que os cidadãos as possam utilizar para mostrar o seu agrado ou desagrado com esta ou aquela medida política ou com este ou aquele dirigente governativo. Não deve haver nenhum tipo de ambiguidade no que respeita a este tipo de direito. A cidadania responsável passa, quando for caso disso, pela praça pública.
Mas a rua é para as ocasiões especiais.
O resto, a vida política, deve passar pelo reforço das instituições e pelo bom funcionamento dos partidos políticos. A democracia consolida-se quando se reforçam as instituições de poder e de contrapoderes e quando se garante a representatividade das correntes e das organizações políticas.
Ora, tem-se assistido a uma marginalização das instituições, nomeadamente dos parlamentos. Ao mesmo tempo, os partidos apresentam a tendência para se transformarem em meras correias de transmissão dos líderes, sem liberdade interna nem espaço para o debate de opções.
Tudo isto enfraquece o sistema democrático e dá espaço aos que gostariam de ver a rua transformada num palco onde se tentaria, de modo continuado, derrubar o poder constituído. Assim, pouco a pouco, a ameaça totalitária e os extremismos vão ganhando espaço. Não será suficiente, para já, mas nestas coisas, nunca se sabe.