As Forças Armadas
Há quem pense que a solução dos problemas portugueses actuais deveria passar por uma sublevação dos oficiais das Forças Armadas. Quem pensa assim não vive no mundo de hoje. Não tem ideia alguma de quais seriam as consequências. O povo português sairia de uma aventura desse tipo mais pobre. Ficaria isolado, na arena europeia e ao nível de certos estados falhados e ilegítimos, na cena internacionalmente.
É importante demolir o mito que tenta fazer crer que existe um papel político para as Forças Armadas de Portugal. Sobretudo, depois de se ouvir o que se ouviu hoje na conferência de imprensa da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA). E de se saber que a AOFA pretende organizar, a 22 de fevereiro, uma reunião de oficiais para proceder a “ uma reflexão colectiva sobre o que poderão os militares fazer para alterar o rumo do país”.
Essa reunião não cabe num regime e cultura democráticos. Além disso, as respostas à questão que levantam são óbvias: devem votar, cumprir o seu dever de militares, incluindo a subordinação ao poder político, e fazer propostas de reformas das Forças Armadas que tenham que ver com os desafios de defesa de agora e do futuro. Se agirem assim, contribuirão de maneira clara para um Portugal melhor.