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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um guarda-chuva fora de casa

A minha neta, ontem ao fim do dia, teceu uma série de elogios ao guarda-chuva que utilizei para a levar da minha casa ao carro da sua mãe. Estava um tempo de trovoadas. Na exacta altura da sua partida, começou de novo a chover, e lá fui de guarda-chuva em punho. E é verdade que o dito é bonito, com várias cores, e caro, uma noção que a miúda ainda não entende.

 

Depois, deixei o guarda-chuva à porta de casa, do lado da rua, para deixar escorrer a água, antes de o colocar no bengaleiro.

Claro que me esqueci de o recolher. Passou a noite no exterior.

 

Hoje de manhã ainda lá estava. Devo dizer que esperava que tivesse encontrado outro dono, durante as horas escuras da noite. Há sempre quem ande por aqui a rondar.

 

Ainda bem que assim não aconteceu. A neta vai poder continuar a ficar maravilhada perante as cores do meu guarda-chuva.

A faceta engarrafada do Luxemburgo

Muito ocupado, nestes últimos dias. E hoje tive que ir a uma reunião no Luxemburgo. O leitor talvez não saiba, mas certas estradas do grão-ducado estão permanentemente engarrafadas. Quaisquer 10 quilómetros podem demorar cerca de 45 minutos a fazer. Assim, fiz 200 quilómetros em duas horas e os 20 marcos que faltavam davam a impressão de nunca mais acabar.

 

Fiquei a pensar, uma vez mais, que a gestão da circulação nas grandes cidades vai ser um problema muito sério nos próximos muitos anos.

A indecisão é a marca dos líderes de agora

Transrevo o texto que hoje publico na revista Visão e que está nas bancas.

 

A indiferença, a impotência e a Kalashnikov

Victor Ângelo

 

 

 

 

O Iraque está de novo a ferro e fogo. E quem sabe destas coisas chama a atenção para a extrema gravidade da situação, muito diferente das precedentes, e para as múltiplas ramificações do conflito, com dimensões humanitárias, violações sistemáticas dos direitos humanos, ameaças à estabilidade, paz e segurança da região, sem esquecer os encorajamentos que envia aos movimentos radicais noutras partes do mundo. O Iraque de hoje é uma enorme caixa de Pandora numa região profundamente fraturada, com vários países à beira de crises nacionais profundas, para além do processo de autodestruição em que a Síria se afunda há três anos.

 

A resposta dos Estados Unidos e da Europa, bem como dos outros membros permanentes do Conselho de Segurança, é a de deixar arder. Os líderes da comunidade internacional, a começar por Barack Obama, não mostram apetite por expedições em terras longínquas. As crises de envergadura são analisadas exaustivamente, a opinião pública é cuidadosamente avaliada e, no final, depois de dias de contorcionismo político e de ansiedade mental no segredo absoluto dos círculos dirigentes, a inação é a opção preferida. Em dez anos, a liderança internacional passou de uma febre intervencionista ingénua e moralista, que caracterizou as decisões de George W. Bush e de Tony Blair, para uma atitude caseira, que se refugia por detrás das fronteiras nacionais. Ou seja, em dez anos, avançou a globalização da informação, da economia e da consciência do sofrimento de outros povos, mas recuou a perceção dos interesses e deveres partilhados. Perdeu-se, em grande medida, o valor da responsabilidade comum. Sentimo-nos tranquilos quando nos fechamos no egoísmo nacional. As dificuldades económicas e financeiras dos últimos anos explicam uma boa parte da questão. Mas não só. Somos atualmente dirigidos, de um lado e do outro do Atlântico, por lideranças vacilantes. O medo de errar leva à indecisão. Daqui à indiferença é um salto de pardal.

 

Esta maneira de fazer política internacional tem a vantagem de cair bem na opinião pública. O cidadão comum não compreende as razões que possam levar o seu país, mesmo quando se trate de uma grande potência, a intervir nas guerras dos outros. Entende bem, no entanto, o valor da indiferença. Tem custos imediatos menores. Esta é uma das grandes contradições do momento: estamos melhor informados e, ao mesmo tempo, mais distantes do infortúnio dos outros.

 

Na realidade, a comunidade internacional é cada vez menos capaz de resolver os conflitos violentos. Mesmo uma situação relativamente simples, como a da República Centro-Africana, parece fora do alcance. Por isso, o que poderia ter sido contido há um ano e meio, ou antes, continua por resolver.

A inércia é contagiosa. No caso do Iraque, o Conselho de Segurança tem-se revelado incapaz de adotar uma posição. O próprio Secretário-geral tem mantido um silêncio incompreensível. Nada propôs até ao dia em que escrevo este texto. Nem veio a terreiro dizer, pelo menos, que as violações repetidas das leis da guerra, das regras humanitárias, a prática do terror étnico e sectário, e outras atrocidades são crimes contra a humanidade, puníveis pelo Tribunal Penal Internacional.

 

A indiferença conduz à impotência generalizada. Ora, nestes casos, quando as respostas não têm músculo, não convencem nem exprimem uma posição de conjunto, quem ganha espaço é o fanático primitivo de Kalashnikov na mão, o extremista iluminado que crê na ficção que a vontade divina passaria pelo extermínio de quem não pertence à seita.

A maneira de fazer política

Por razões profissionais, passei o dia a discutir a questão das relações da UE com a Rússia. E a chegar à conclusão que os dirigentes políticos decidem, na grande maioria dos casos, sem ter em conta a opinião dos especialistas. Como também, a concluir que na verdade não há uma estratégia coerente. O que existem são umas opiniões que depois são apresentadas como se fossem objectivos estratégicos. Opiniões bem embaladas num linguajar político que esconde a falta de coerência, de trabalho de casa e de entendimento do que possa estar em jogo, do lado russo.

 

Assim se faz política, nesta área como em muitas outras.  

Irresponsabilidades e falcatruas

O sistema bancário privado português, já aqui o disse várias vezes, tem muito pouca credibilidade nos mercados europeus e internacionais. O caso actual com o BES é apenas o exemplo mais recente de um sistema que não é convenientemente supervisionado pelo Banco de Portugal, para além do facto dos banqueiros e os políticos do regime andarem de mãos dadas.

 

Entretanto, as acções do BES já perderam 22,6% do seu valor em Junho, depois de haverem perdido quase 14% em Maio. É uma derrocada bem significativa. Por outro lado, a imagem do banco está nas lonas. E as escolhas que estão a ser feitas neste momento, em termos da nova administração do banco, mostram simplesmente que vamos ter mais do mesmo. E o Banco de Portugal, como muitas outras instituições no nosso país, revela uma vez mais que não tem força nem dentes para se atacar aos velhos interesses da finança, agora, ainda por cima, ligados aos “jovens” que por aí andam na política, a começar pela Assembleia da República e a continuar nos órgãos dirigentes dos principais partidos, quando não estão nos gabinetes ministeriais.

 

Depois dizem-nos que o país não funciona bem…

Somos uma selecção para lastimar

A confusão, a falta de realismo, a impreparação, a incompetência, o patriotismo bacoco, o atirar as culpas para os outros, tudo isto, incluindo o caos que reina no seio da selecção nacional, reflecte, em muito, o estado em que se encontra uma boa parte do nosso país. Temos um conjunto de jogadores que são um espelho fiel da sociedade. Até a cabeçada de uma das nossas estrelas nos lembra que andamos agressivos, prontos a bater no adversário por dá cá aquela palha. Confundimos porrada com combatividade, cabeçadas com ter cabeça.

 

Felizmente que nem todos os portugueses se revêem nos comportamentos e simbolismos que a selecção projecta. Mas o que dá mais nas vistas são esses tipos de reacção, são eles que tendem a colar à imagem de um povo. É injusto para muitos.  

Um ambiente positivo

Passei os últimos dias em Genebra, por motivos profissionais. A cidade continua cara. Mas continua cheia de turistas vindos dos mais diversos cantos do mundo. Lembra-nos, assim, que não é o preço das coisas que traz ou afasta os visitantes ricos. Para quem tem dinheiro, o que conta é a qualidade de vida, a segurança e a ordem pública, o bom funcionamento dos serviços, um ambiente de prosperidade e uma maneira positiva de encarar a vida. E isso, Genebra tem com abundância.

Viva a bagunça

A confusão que reina no topo da administração do Banco Espírito Santo (BES) revela, uma vez mais, que uma certa elite portuguesa acha que pode fazer o lhe der na real gana, incluindo com o dinheiro dos outros. Acha e acha bem, pois a verdade é que nada lhes acontece, quando se sabem as verdades. Não há investigação criminal, ninguém é arguido de nada, não se responsabiliza quem quer que seja.

 

Por isso dizia hoje, em Bruxelas, ao saber que o director para a Bélgica do banco suíço UBS fora detido esta manhã, acusado de branqueamento de capitais, ajuda à fuga fiscal de modo organizado e outras amabilidades que tinha como hábito fazer aos grandes clientes da casa, que o fulano foi burro. Depois de vários anos a ganhar comissões chorudas pela prática desses actos, deveria ter emigrado para o Sol de Portugal, para se aproveitar dos nosso ares e dos brandos costumes que protegem quem tem muito poder económico ou influência política.

 

E à hora a que escrevo, o nosso banqueiro belga viu a sua prisão preventiva confirmada. No mesmo momento em que os administradores do BES foram combinar umas coisas com o Governador do Banco de Portugal, para que tudo seja resolvido entre cavalheiros.

 

Temos um país que sabe que a bagunça é uma forma muito sublime da liberdade.

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