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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Os novos portugueses

Apostar no aumento da taxa de natalidade é não ter em conta as razões que levaram as famílias portuguesas a ter, em média, menos filhos. Essas razões são fundamentalmente económicas, mas também resultam de mudanças fundamentais, de fundo, nos comportamentos das gerações mais jovens. As medidas que venham a ser tomadas pouco ou nenhum impacto terão na inversão da tendência para uma taxa baixa, inferior ao nível necessário para a substituição das gerações.

 

É mais fácil atrair novos imigrantes que mudar os comportamentos dos jovens portugueses. Uma verdadeira política demográfica terá que passar pela criação de um conjunto de atractivos à imigração de jovens provenientes dos países menos desenvolvidos do Leste da Europa, a começar pela Ucrânia.  É aí, desse lado da Europa, que iria buscar uma parte significativa dos “novos portugueses”.

 

Sem esquecer, claro, que uma parte importante do nosso défice demográfico provém da saída de jovens portugueses para o estrangeiro. Essa face da medalha tembém deve ser equacionada na nossa política populacional.

A Ucrânia de hoje

Regressado há umas horas de Gloucester, no Reino Unido, fui surpreendido com a notícia chocante relativa ao voo da Malaysia Airlines, abatido, segundo todos os indícios, pelos separatistas que a Rússia apoia na Ucrânia.

 

Agora, esses indivíduos, conscientes que devem estar da barbaridade que cometeram, dizem que na mesma altura, no momento em que o avião comercial foi abatido, eles haviam lançado um míssil antiaéreo contra uma nave militar ucraniana. Ou seja, procuraram assim esconder-se por detrás de uma mentira, pois os seus amigos devem ter-lhes dito que hoje em dia há tecnologia suficiente para determinar quando um míssil de longo alcance foi disparado e a partir de que local.

 

A tragédia de hoje vem lembrar-nos que as guerras assimétricas - Estados contra grupos rebeldes - em solo europeu são sempre de uma grande violência.

 

Recorda-nos, também, que a violência armada é algo que deve ser tratado sem demoras, utilizando todos os meios disponíveis: políticos, diplomáticos, mediáticos e a força. No caso da Ucrânia, se o governo actual não tem condições para resolver a crise sem demoras deve pedir ajuda externa. A lei internacional permite-o.  

Marcelo em plano inclinado

Ver Marcelo Rebelo de Sousa no seu programa semanal de ontem na TVI, uma coisa que eu não fazia há muito tempo, foi um descalabro. O professor está em nítida perda de velocidade e argúcia intelectual. O que diz é crescentemente superficial, o comentário pela rama, para agradar a um vasto círculo de possíveis apoiantes. Só que o círculo é indefinido e as opiniões são cada vez mais corriqueiras e assentes em análise de joelho e de palpite.

 

Faz pena ver Marcelo a descarrilar assim. Talvez seja tempo para pensar noutras actividades, na reforma, nos netos, sei lá em quê...

 

Por outro lado, o jornalista que o entrevistou, nem vale a pena lembrar o nome, foi uma lástima. Esteve perdido durante a conversa. Mal conseguia articular uma frase. Devia estar ali por engano e para fazer um frete.

Uma história que ainda não terminou

Finalmente, o Banco de Portugal agiu, como eu aqui previra há vários dias, e obrigou o BES a substituir a sua administração. Foi, uma vez mais, lento na decisão, mas mais vale tarde que nunca, embora nestas coisas a rapidez da intervenção seja sempre o mais aconselhável. Quanto mais se espera mais difícil se torna encontrar uma solução razoável.

 

Mas os mercados parecem não acreditar na história que lhes está a ser contada. E as acções do BES continuam a perder valor, de modo muito significativo. É por isso importante que se faça luz sobre a situação financeira do banco e que se proceda rapidamente à entrada de um parceiro financeiro estratégico. Um outro banco, com dinheiro e bom nome, tem que tomar uma posição forte no capital do BES. E dar-lhe um sopro de reputação.

 

A verdade é que os clientes do BES não fizeram fila para retirar o dinheiro das suas contas. Aí o poder político tem sabido gerir a crise com habilidade. É preciso mais, agora, forçar à abertura do banco a novos grupos de accionistas de peso.

Portugal na próxima Comissão Europeia

O nome do novo Comissário português em Bruxelas, na Comissão Europeia, continua a ser um segredo bem guardado. No nosso país, os segredos políticos são sol de pouca dura. Andam, rapidamente, nas bocas do mundo, passam, sem demoras, a ser conhecidos de todos. Com este Primeiro-Ministro não tem sido assim. E esse é um ponto positivo, que há que lhe conceder.

 

Entretanto, diz-se que será uma mulher. O que certamente diminui o leque das possíveis candidatas. Alguém muito próximo de Passos Coelho. E aqui o leque ainda fica mais reduzido. Talvez uma das mulheres do partido de entre as que estão na Assembleia da República. Se assim for, o círculo torna-se ainda mais estreito.

Golfo da Guiné

Passei o dia de ontem num dos salões do Palácio das Necessidades. As cadeiras eram absolutamente inconfortáveis, datavam de outra época quando as pessoas ainda eram obrigadas a manter as costas direitas nas sessões públicas, e a temperatura ambiente era incómoda, sobretudo tendo em conta o fato e gravata exigidos pela ocasião. Nas paredes uns monstros atacavam uns anjos e outras personagens que os artistas de há séculos bordaram com muita ternura e beleza, coisas que hoje estão fora de moda, mas ninguém reparou, para além de olhar rápido, que as mensagens vindas dessas peças de arte nos lembravam a dor, as lutas quotidianas e a esperança, um dia, de uma salvação num mundo melhor.

 

O desconforto, o calor e as mensagens simbólicas constituíam o quadro ideal para discutir a segurança no Golfo da Guiné. Foi uma boa discussão, bem informada. Teve o mérito de chamar a atenção para uma parte do mundo que é próxima dos interesses europeus. Serviu ainda para estreitar as relações com Angola, a Nigéria e o Brasil, bem como confirmar a conjugação dos nossos interesses com os interesses dos Estados Unidos, nessa região de África.

 

Para mim, foi uma oportunidade para partilhar com os presentes algumas conclusões que tirei dos meus 35 anos de observação da região. E sobretudo de falar na necessidade do diálogo político com os dirigentes africanos que contam no Golfo da Guiné, um diálogo que do lado europeu precisa de ser conduzido a um nível de responsabilidade elevado e que deve ser franco, capaz de chamar as coisas pelos nomes – a corrupção endémica, a má governação, as violações dos direitos humanos, etc – e, ao mesmo tempo, de sublinhar a importância, para ambos os lados, de parcerias que levem a acções comuns.

BES e o Banco de Portugal

Numa situação tão séria e complexa como a que está acontecer à volta do Banco Espírito Santo (BES), seria de esperar que o Banco de Portugal (BP), logo após o fecho das bolsas, viesse a público e anunciasse uma decisão, com o objectivo de clarificar e apaziguar a economia e o sector financeiro. Ora, isto ainda não aconteceu, à hora a que escrevo e receio que demore a acontecer.

 

Nestas coisas, o banco central, neste caso, o BP, tem que mostrar que tem capacidade de decisão rápida, que sabe cortar a direito e que compreende a urgência e a importância sistémica da crise. Tem igualmente que ser visto como independente do poder financeiro, como corajoso e competente.

 

No caso concreto, é evidente que a actual administração tem que ser, de imediato, substituída por uma outra, a título temporário, até que seja confirmada pela assembleia de accionistas do BES. Ninguém da administração que levou o BES ao descalabro presente tem condições para continuar, seja em que posição for, em lugares de direcção do BES. Devem, além disso, ser objecto de investigações criminais, para que se apurem as responsabilidades. Assim se procede nos países avançados.

Na estrada, da Europa a Lisboa

O meu texto de hoje, na Visão que acaba de chegar às bancas, é um condensado das minhas impressões da viagem de carro de Bruxelas a Lisboa, que teve lugar na semana passada.

 

Pode ser lido aqui, a partir do manuscrito que preparei.

 

Da Europa a Lisboa

Victor Ângelo

 

 

Como milhares de compatriotas, emigrantes na Europa, esta é altura do ano em que pego no carro, o encho de tralha e faço o trajecto de Bruxelas para Lisboa. São longos os quilómetros que separam a Europa que funciona de um país que não entende bem os desafios que enfrenta. Por isso, ao longo do percurso, venho matutando sobre os demagogos que continuam a negar a parte de responsabilidade dos políticos lusos no que respeita à situação de desespero económico em que muitos dos residentes em Portugal vivem. Como é possível, cismo enquanto vou atacando a infindável estrada que se desenha à minha frente, que gente com assento na Assembleia da República, que é ou foi ministro ou teve altas responsabilidades nacionais, possa afirmar que a crise não é, acima de tudo, nossa? Querem fazer-nos passar por parvos, além de pobres?

 

Estes pensamentos surgem logo à partida, ao ver as autoestradas da Bélgica a abarrotar de movimento, pessoas, carros e carga, tudo num frenesim de quem não pára, de quem sabe que é preciso ganhar a vida. Continuam depois em França, ao extasiar a vista pelos milhares e milhares de hectares de uma agricultura altamente desenvolvida, virada para os mercados de ponta, alimentares ou da bioenergia. Nas zonas de repouso, ou no hotel, há turistas de muitas origens. Desta vez, partilho a mesa do pequeno-almoço, nos arredores de Bordéus, com um casal australiano, cinco semanas a percorrer a França, com um poder de compra que não precisa de contar os cêntimos.

 

Depois, a Espanha. A transição para a Península Ibérica é visível, a começar pela urbanização, que é mais do tipo dormitório sem alma, na parte espanhola. Da Bélgica entra-se em França, sem que se note. Não é assim, de um lado e do outro dos Pirenéus. Vale-nos San Sebastian, uma cidade linda, bem organizada, rica, cheia de genica e de cultura, uma facada simbólica no nosso orgulho nacional, que não temos cidades de província comparáveis. E o resto do percurso espanhol é feito em autoestradas gratuitas, com gente a conduzir no geral com civismo. Quando uma viatura de matrícula estrangeira ultrapassa de longe os limites, vem logo à ideia que talvez se trate de um português, rebelde como todos nós e ansioso por chegar à pasmaceira da aldeia natal. Entretanto, vamos observando os campos, menos explorados que em França, mas apesar de tudo aproveitados.

 

Chega-se a Vilar Formoso e entra-se na confusão nacional, a começar pelas SCUTS. Os pórticos sucedem-se a uma cadência que deixa alarmado qualquer um que venha de fora. Fica-se com a impressão que a esse ritmo a portagem final vai atingir uma fortuna. Só que este ano, a A23, a caminho de Lisboa, estava deserta. Turistas, não havia. Um ou outro que por ali circulava, não deveria ter entendido como funciona o pagamento da coisa e ia avançando para Sul, cada vez mais perplexo pela profusão de pórticos. Olha-se para os campos, das Beiras e por aí abaixo, e não há produção que se vislumbre. Quem tiver olhos de ver perguntará para que serve o ministério da agricultura.

 

Depois, já na autoestrada do Norte, entramos no Portugal da alta velocidade. Ou seja, num país onde demasiada gente não respeita o código da estrada. Desta vez, vi três ou quatro grandes cilindradas a circular perto dos duzentos. Donde venho, isso seria de imediato severamente sancionado. Aqui é apenas uma maneira rápida de nos lembrar que as forças de segurança não têm meios e que o país está entregue aos atrevidos. Enfim, férias num país diferente, exótico. No nosso canto da Europa.

 

Fanáticos violentos

Os países europeus que têm mais cidadãos seus a combater nas fileiras dos grupos radicais islâmicos que operam na Síria, no Iraque e no Mali são a Bélgica, a França, a Alemanha, o Reino Unido, a Itália, a Dinamarca, a Suécia e os Países Baixos. A quase totalidade desses combatentes com cidadania europeia tem as suas raízes nas comunidades imigrantes, em famílias provenientes do Norte de África, da Somália e do Médio Oriente. São jovens, alguns deles com menos de vinte anos de idade, que se deixaram doutrinar por pregadores extremistas. Muitos têm perdido a vida em combate. Uma boa parte ainda anda nas fileiras dos grupos fanáticos. Mas há igualmente um certo número que está de volta, depois de ter passado meses na frente de combate. Estes indivíduos têm todas as condições para agir, após o seu regresso, como actores de acções violentas. Neste momento, a preocupação é a de proceder à sua identificação, à investigação das suas relações e redes de contactos e de evitar que cometam actos terroristas. Terão tendência para agir noutros países europeus, fora das suas terras de origem. O que significa que Portugal poderá ser, embora neste momento a hipótese pareça remota, um dos teatros de acção desses indivíduos. Convém estar muito atento e em estreita ligação com os serviços de segurança dos países da UE acima referidos.

 

 

 

 

 

 

Caras bonitas e cherne mal empregado

Pedi cherne grelhado ao almoço em Olhão, com um acompanhamento de legumes salteados. Tudo sem sal, para que não houvesse a tentação, como é hábito no Portugal profundo, de salgar tudo.

 

O restaurante estava localizado em frente do mercado do peixe, no passeio oposto, uma questão de vinte metros ou coisa assim.

 

O cherne veio grelhado, mas moído, pois já teria conhecido dias mais frescos, salgado até dizer já chega, e os legumes haviam sido cozidos em água. Se saltaram na frigideira, deve ter sido um salto virtual.

 

Não valeu a pena insistir. As duas jovens que serviam à mesa tinham uma excelente apresentação. Mas quanto a experiência profissional, ou ideia do que é a restauração, enfim, com muito favor, dava-lhes um zero à esquerda.

 

Isto de pensar que qualquer cara bonita pode servir à mesa...

 

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