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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Ferro Rodrigues: uma boa escolha

António Costa, a nova cabeça do Partido Socialista (PS), tomou uma primeira decisão política: acaba de escolher Eduardo Ferro Rodrigues, um político experiente e com peso dentro do PS, onde já foi Secretário-geral durante dois anos (2002-4), como líder da bancada parlamentar do partido na Assembleia da República. Foi uma decisão que me pareceu acertada. Ferro Rodrigues não será uma cara nova e fresca na política nacional – tem quase 65 anos e anda nisto há muitos anos – mas é uma personalidade que projecta uma imagem de seriedade e, em certa medida, ligada a um período governativo que continua a merecer a classificação de positivo.

 

Uma das suas primeiras tarefas será a de reforçar a disciplina parlamentar dos deputados do PS. Nos últimos tempos tem havido alguma cacofonia, com deputados a debitarem opiniões na comunicação social muito díspares e algumas de um radicalismo verbal que não será próprio de exponentes de um partido que é um dos pilares das instituições democráticas portuguesas.

Mala em falta

A minha mala resolveu ficar mais uns dias em Amesterdão. Há mais de 48 horas que estou sem notícias dela. Para quem viaja com frequência, está a tornar-se claro que certos aeroportos estão a rebentar pelas costuras. Amesterdão é um deles. Demasiado movimento, ambição a mais em relação aos meios disponíveis, querer ser uma placa giratória a todo o custo, em concorrência com outros aeroportos da mesma parte da Europa. Quando algo não corre como está previsto, é uma carga de trabalhos até voltar a pôr a coisa nos carris.

 

Já há três semanas, na minha ida para os Bálticos, a mesma mala resolvera ficar 24 horas mais em Gatwick…Apesar de quase duas horas em trânsito, o pessoal de Londres achou que não dava…

 

Felizmente que a minha próxima grande viagem será de carro.

Tempestades políticas no início do Outono

Este início de Outono está cheio de tempestades políticas.

 

No PS, vai cair um líder que as personalidades do partido nunca aceitaram e que tiveram agora a oportunidade de o dizer às claras. Seria interessante perceber as verdadeiras razões da antipatia, que é visceral, para além da retórica política do mais à esquerda ou mais à direita. Quem tiver tempo e queira fazer uma tese sobre isso, tem aqui um tema original.

 

Do outro lado, ao nível do governo, o Primeiro-ministro está profundamente fragilizado. Nunca o vi assim. Está preso por um fio. Depois das trapalhadas recentes nas áreas da Educação e da Justiça, sem que tenha havido qualquer tipo de consequência política – eu teria demitido os ministros, com elegância, dizendo em público que haviam pedido a demissão – temos agora um caso muito grave, que atinge a cabeça da governação. Com as dúvidas sobre o comportamento de Passos Coelho enquanto deputado, na segunda metade da década de noventa, o governo e a coligação que o apoia estão destabilizados. E o Primeiro-ministro está numa posição insustentável. Tem que dizer se sim ou sopas.

 

O recurso à Procuradoria-Geral da República é uma manobra de diversão. A PGR nada pode fazer em relação a um possível crime que já está prescrito. Nem a questão é um assunto de tribunais. Esse tempo já passou. Hoje, trata-se de uma matéria de alta relevância política. E deve ser resolvida, pelo PM, de modo político. Deve vir para a frente e dizer, se sim ou não. Se cometeu ou não aquilo de que é acusado.

A greve de Air France

A greve dos pilotos de Air France entra na segunda semana, sem se perceber bem por que razão. Os transportes aéreos estão em evolução constante e a competição é de cortar à faca. Mais tarde ou mais cedo será preciso ter em conta as realidades. Air France não pode ter custos, incluindo custos salariais, que a tornem incapaz de competir com outras companhias que oferecem um serviço semelhante.

 

Warren Buffett, o guru dos investimentos bolsistas americanos, diz que que comprar acções de companhias de aviação é um erro que ele não pratica. A tendência é para a desvalorização dessas acções, para que se perca parte do dinheiro empatado, sobretudo quando se investe nas chamadas companhias de bandeira. Não sei se valerá a pena dizer isso aos pilotos de Air France.

 

Entretanto, recordo que a companhia low-cost que Air France quer estabelecer deverá operar a partir de Portugal e, a outra parte, da Alemanha. Interessante. Low cost, aqui e para lá do Reno.

Espinhas e outras comparações

No mercado central de Riga, as espinhas de salmão fresco estavam hoje a € 0,60 por quilograma. Os restos da barriga do peixe, o que sobra quando os filetes são preparados, custavam € 0,70 por cada quilo. Cortados com arte, esses restos tinham uma excelente apresentação. Na sopa dos reformados – esta categoria de cidadãos constitui uma boa parte da clientela do mercado – a apresentação também conta.

 

Do outro lado, do lado da carne, o mais barato eram os nacos enormes de toucinho, pura gordura de porco cortada a preceito: 0,70 euros por quilo.

Ver e contar estas coisas dá-nos outro ângulo.

 

Mais. Devo acrescentar que tudo se passa com muita elegância e saber estar nos espaços colectivos, na rua e na praça, que a última coisa que uma pessoa deve perder é a dignidade, o respeito, a começar pelo respeito por si própria. Quem viu coisas bem piores, a ocupação nazi, os tempos estalinistas, as deportações, a repressão violenta da cultura e da língua letãs, os invernos gelados, a repressão feroz, sabe que as espinhas de peixe têm um valor relativo.

Escócia

Há 15 dias escrevi na Visão que o voto pela independência da Escócia seria um erro, por várias razões, incluindo por constituir um encorajamento aos diversos populismos e nacionalismos bacocos e retrógrados que estão a aparecer em vários cantos da Europa. Previ, nessa altura, que o “não” ganharia de maneira clara e sem apelo. Alguns amigos meus pensaram então que a minha opinião era pouco prudente, pois o “sim” parecia estar de vento em popa. Acharam mesmo que eu me arriscava a perder alguma credibilidade em matéria de análise de política internacional.

 

O resultado do referendo, hoje conhecido, traduziu-se numa estrondosa vitória dos que se opõem à independência. A minha previsão bateu certa. E as ambições dos que querem fragmentar ainda mais uma Europa que precisa de estar unida sofreram uma derrota bem significativa.

 

Agora, como escrevi na altura, vai surgir o verdadeiro problema para a Grã-Bretanha: o que fazer em relação à União Europeia. Essa é a questão em cima da mesa. Essa é a questão existencial. Cameron não estará à altura de a resolver. Como também não esteve à altura do desafio escocês. Se não fosse a ajuda dos Trabalhistas, em particular de Gordon Brown, Cameron teria sido confrontado com enormes dificuldades perante a consulta popular escocesa.

 

Um número importante de ingleses irá votar, se houver um referendo sobre a Europa, contra a União. Com a Escócia dentro do Reino Unido, uma parte dos votos contra a Europa será anulada por votos a favor da Europa, vindos do lado escocês. Mas isso não será suficiente.

 

E, infelizmente, não creio que os Trabalhistas de Ed Miliband consigam chegar ao poder antes do referendo.

 

A satisfação de hoje não nos pode fazer esquecer os problemas que se avizinham. E os riscos que um primeiro-ministro fraco acarreta.

Juncker conhece bem o tabuleiro

Transcrevo abixo o texto que hoje publico na Visão. 

 

 

Juncker: um osso duro de roer

Victor Ângelo

 

 

 

 

Jean-Claude Juncker está a começar bem como Presidente-eleito da Comissão Europeia. Conseguiu, pelo menos nesta fase inicial, inverter a tendência dos últimos anos de enfraquecimento do executivo da união. Depois de um Barroso cansado, sem gás, que deixara os governos nacionais marginalizar a Comissão, Juncker aparece como um líder politicamente astuto e determinado. Com uma longa experiência no tabuleiro dos jogos europeus, percebeu que era importante ter à sua volta um grupo de vice-presidentes que lhe sirvam de filtro e de para-choques. Fica, assim, com espaço para as questões estratégicas e para se manter conectado com os dirigentes dos estados membros e os principais tenores no Parlamento Europeu. É aí, na qualidade dessa ligação, que a coisa vai ou racha. O Presidente da Comissão tem que ter tempo para manter um contacto contínuo e bem pensado com os que contam. Não se pode falar com os leões que são os chefes de estado e de governo, nem com as raposas do Parlamento, com base em improvisações ou apontamentos mal digeridos.

 

Uma outra nota sobre a mudança de caras em Bruxelas: o poder deslocou-se para o nordeste da Europa. É verdade que Juncker é, por cultura política, um homem do centro, uma ponte entre os preconceitos do norte e do sul da Europa. Mas a maneira como distribuiu as pastas favorizou claramente a Holanda, a Finlândia e os países bálticos. O nordeste. Deu responsabilidades acrescidas a uma nova geração de políticos desses países, todos eles inspirados numa interpretação estrita de disciplina na área financeira e de liberalismo, em matéria económica. Sem contar que do outro lado da rua vamos ter outro homem forte vindo também do Leste, Donald Tusk, o primeiro-ministro polaco cessante. Um político que se integra bem no quadro que acabo de descrever. Passa agora a existir um núcleo decisivo em Bruxelas que, em matéria de governo, é conservador e, na área das relações internacionais, é marcadamente pró-americano e muito desconfiado no que respeita ao relacionamento com a Rússia. Isto numa altura em que existem perigos evidentes de derrapagens e de confrontação a Leste. Há, por isso, que estar atento e exigir à nova equipa que ponha o pragmatismo e os interesses da paz e da prosperidade na Europa acima dos velhos fantasmas vindos de outros tempos.

 

A voz de Portugal, no seio desta equipa, pertence a alguém que é visto por Juncker e pelos pesos-pesados como um júnior. Um jovem de boas maneiras e ar limpo, é verdade, mas um peso-pluma. Num conjunto em que a senioridade política é a marca definidora – seis antigos primeiros-ministros passarão a estar à frente das instituições europeias – a escolha do governo português parece estar fora de contexto. Enviámos um suplente para jogar numa equipa de campeões. Um secretário de Estado ainda um pouco verde. Carlos Moedas tem desafios enormes pela frente. Terá que convencer o resto da companhia que tem maturidade e coragem políticas, para além de ideias e capacidade para obter resultados. Deverá, igualmente, prestar uma atenção especial à maneira de comunicar e de saber estar. Vai precisar de uma assessoria de imagem experiente, para além do apoio científico que lhe faz falta. Se mostrar, no início, que anda perdido pelos corredores do Berlaymont, a dizer umas coisas ocas, o prestígio necessário ao bom desempenho da função que lhe foi atribuída ficará seriamente afetado. Numa equipa de lobos, poderá rapidamente esgotar-se a paciência para capuchinhos cor-de-laranja. Fora isso, e em nome dos interesses da inovação científica, só lhe posso desejar os maiores êxitos.

Um português exemplar

O Superintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal, Luís Carrilho, tem feito uma carreira internacional com as Nações Unidas de grande exemplaridade. É uma estrela no firmamento da Polícia da ONU (UNPOL), um quadro de topo. Depois de ter comandado a UNPOL em Timor no Haiti, acaba de ser nomeado Comissário – quer dizer, comandante-geral – da força de 200 polícias e gendarmes que irão ser destacados para a República Centro-africana, no âmbito da nova missão de paz nesse país.

 

 É uma grande distinção pessoal e, ao mesmo tempo, uma honra para a nossa PSP. Desejo-lhe o maior sucesso, num país que conheço bem e que sei que não é nada fácil.

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