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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Sobre os aviões...

A imprensa portuguesa continua muito interessada nos caças russos que vão aparecendo nos céus sem os meios de comunicação ligados nem informação prévia sobre as suas missões de treino. Treino, sim, esta é a palavra que sugiro que seja utilizada. É uma palavra mais neutra que outras. Só que este ano os exercícios de treino das forças armadas russas têm sido mais frequentes e intensos que nos anos precedentes. E têm decorrido junto das linhas de separação com as zonas da NATO, como que para mostrar que o treino visa o nosso lado, que o perigo para a segurança russa viria destas bandas.

A questão fundamental é a de tentar perceber qual é a mensagem que Vladimir Putine está a tentar fazer chegar ao Ocidente.

Não se trata, como dizia hoje à tarde a um correspondente dos media que me interrogou, de mostrar apenas irritação perante a política ocidental na Ucrânia. Nem a Ucrânia é o cerne da questão. Há mais. Putine e o círculo que define a estratégia de segurança da Rússia querem concessões políticas. Querem uma relação com o Ocidente que se assemelhe à que existia no período da União Soviética. É esse o modelo de relações internacionais e europeias que têm em mente. Foi isso que já ficara claro em 2011, quando estive na Suíça num “seminário” com próximos de Putine.

Só que a União Soviética e o mundo dos anos oitenta do século passado já não existem. Hoje a correlação de forças é outra. E, na verdade, agora e a prazo, não é favorável à Rússia. O país tem problemas estruturais profundos que o enfraquecem, quer internamente quer na frente externa. Uma confrontação aberta com o Ocidente está, por isso, fora de questão, embora nunca nos possamos esquecer que as guerras tiveram sempre na sua base uma grande dose de loucura e de mania das grandezas.

Ao fazer voar os seus aviões perto das nossas áreas de interesse estratégico, Putine está apenas a tentar dizer-nos que tem uma capacidade bélica superior às suas fraquezas estruturais. E que é preciso que nós, do nosso lado, nos sentemos à mesa das negociações e lhe ofereçamos um determinado tipo de concessões. Os aviões procuram servir uma política. Mas estão, na realidade, a voar num sentido que nos afasta da mesa das conversas…

 

 

 

Alianças e questões estratégicas

A análise estratégica passa pela identificação do ponto mais fraco de cada um dos intervenientes na questão em causa. Numa aliança, por exemplo, o elo mais frágil tem que ver com a quebra do consenso entre os aliados. Por isso, é fundamental manter o consenso vivo e não deixar que o adversário o destrua. Porque, se o adversário souber agir com inteligência e grande sentido de oportunidade, é aí que ele irá focalizar os seus ataques.

Uns turistas russos muito especiais

Hoje, 19 aviões militares russos violaram o espaço aéreo de vários países da NATO. Duas dessas aeronaves estiveram no espaço português, sem autorização de voo e sem os meios de identificação ligados. Um risco para a aviação civil, além das questões de defesa. Acabaram por ser perseguidos por F16 da Força Aérea portuguesa e dar meia-volta, em direcção ao Atlântico Norte.

Não se entende quais são os objectivos que estas incursões e outras, verificadas nos tempos recentes, procuram atingir. Existem várias hipóteses de explicação. A verdade é que a tensão tem aumentado bastante e um incidente pode acontecer a qualquer momento.

Para já o governo português deveria convocar de imediato o embaixador russo às Necessidades e protestar contra a violação de hoje do nosso espaço aéreo, caso tal tenha acontecido. Essa iniciativa diplomática também deveria fazer parte da resposta.

Se os aviões russos viajavam apenas no espaço internacional, ao largo de Portugal, será, mesmo assim, de exprimir ao embaixador a nossa preocupação pelo risco que tal representa para a aviação civil, incluindo para os voos com origem ou destino em Portugal, bem como pelo facto das aeronaves russas estarem a navegar com os instrumentos de posicionamento desligados.

Um líder diletante

Não bate a bota com a perdigota quando se é candidato a líder e se mistura alhos com bugalhos. Fica a impressão que a promessa e a realidade não coincidem. Liderar exige muito trabalho, muita dedicação, muita seriedade. Não é um passatempo, nem um exercício de autoestima nem uma mera conversa para encher espaço na televisão.

A começar assim, estamos fritos. Uma vez mais.

As machadadas de Machete na liderança do Primeiro-ministro

Não escrevi aqui sobre as recentes declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros, aquelas que abertamente violaram o que deve ser considerado segredo de Estado. Ou, dito de outro modo, o que qualquer um, na normalidade do seu juízo, teria reconhecido como matéria altamente confidencial, por tocar em questões ligadas ao terrorismo do ISIS, ou Estado Islâmico, e também por colocar em risco a integridade física dos visados. Não escrevi por considerar que no caso do ministro em questão não vale a pena estar a perder tempo. Já outrora falara sobre a sua falta de competência para o lugar que ocupa. Disse-o duas ou três vezes. Ninguém com autoridade ligou a essas observações. Alguns disseram mesmo que a crítica teria outras intenções. Se voltasse a escrever agora sobre a nova argolada monumental – e sancionável criminalmente, perante a lei que rege o Segredo de Estado – seria chover no molhado, voltar a frisar que o homem não sabe o que o que anda a fazer nas Necessidades. Nesta altura do ciclo político, já nem vale a pena estar a repetir o que todos sabem. Mas trato hoje do assunto para sublinhar que é um erro grave, mais um, o Primeiro-ministro não reconhecer que estas coisas têm importância. Passar por elas a fingir que não há problema é uma prova de falta de liderança. E quando a liderança falha ou não se assume, nas próximas eleições trata-se do assunto como deve ser.

A vida dos partidos que temos

A nossa cena partidária é comparável a uma coutada privada, onde só caça quem é sócio da agremiação ou recebeu um convite especial. É como um clube privado, que também exclui alguns dos seus membros, quando muda a direção. Cada líder traz os seus, na base da lealdade sem ondas, da correlação de forças e da oportunidade do momento, e procura excluir quem não está pronto para fazer o jogo da nova liderança.

Em trânsito por Copenhaga

Creio que já aqui escrevi sobre o aeroporto de Copenhaga. Estive lá uma vez mais e foi de novo um prazer. O trânsito é fácil e eficiente, a parte principal da aerogare é um imenso centro comercial, com muitas lojas interessantes, as pessoas têm um ar limpo e feliz. Copenhaga é uma excelente opção em termos de trânsito entre aviões. Faz esquecer a calamidade que é transitar por Amesterdão. E traz-nos uma visão da Escandinávia cosmopolita, arejada e dinâmica.

Ébola: o problema que também é nosso

Ébola: desafio à nossa consciência

Victor Ângelo

 

Muito se tem falado e escrito sobre a epidemia do Ébola. Na Câmara dos Representantes, em Washington, o assunto passou a fazer parte da histeria política. As audições parlamentares dos últimos dias mostraram que muitos políticos americanos são tão obtusos quanto os nossos. Às análises alarmistas juntaram-se proposições de resposta simplistas, confirmando-se assim a minha suspeição que os parlamentos são usados, tantas vezes, como meras câmaras de ressonância dos fantasmas populares, onde se repetem os lugares-comuns em voga. Com as eleições de 4 de novembro à porta, a epidemia tornou-se uma arma de arremesso, na disputa partidária pelo controlo do Congresso. Bem espremida a retórica, resta, do outro lado do Atlântico e por cá, a mesma obsessão: impedir que “eles” nos contaminem! Só que erigir barreiras e suprimir as ligações aéreas são ideias do passado, do tempo das fortalezas e das carroças postas em círculo, perante os ataques dos Índios. Nada têm que ver com o mundo global e interligado em que na realidade vivemos.

 

Nestas coisas, o mal corta-se pela raiz. O Ébola tem que ser combatido no terreno, na África Ocidental. E não apenas por se recear que possa ser importado para as nossas bandas. Para começar, trata-se de proteger as populações da Libéria, da Serra Leoa e da Guiné-Conacri. É uma questão de solidariedade internacional, um valor fundamental nas relações entre os povos. Se a epidemia não for contida, milhares de vidas continuarão em risco. O alastramento do vírus entrou já numa fase exponencial. Em seguida, há que ter em conta que o Ébola destruiu uma parte considerável da economia dos três países. Os mercados locais, nas vilas e nas aldeias, fundamentais para a sobrevivência quotidiana dos mais pobres, têm sido fortemente afetados, estando muitos deles suspensos. Sem contar com as quebras significativas da produção agrícola, das atividades comerciais e dos serviços. O afundamento económico está a provocar o desmoronamento das instituições públicas e políticas, que haviam sido laboriosamente reconstruídas nos últimos dez anos, após as guerras civis na Libéria e na Serra Leoa. E há uma outra consequência de que ninguém quer falar: a destruição do tecido social. Os ritos perante a morte têm um peso social importante nestas sociedades. Enterros sem cerimonial ofendem a memória dos mortos, mancham a honra da família, retiram poder e respeito a quem controla o exercício dos rituais. A suspensão das referências sociais e dos valores culturais leva à desorientação das populações, à destruição da coesão comunitária e à rejeição das instruções vindas das autoridades. Lembro aqui o caso recente de um imã muito popular em Bo, a segunda cidade da Serra Leoa. Morreu de Ébola. Ninguém conseguiu convencer os seus discípulos mais chegados que não se deveria proceder à lavagem tradicional do corpo nem à aspersão dos presentes com a água utilizada. Trinta e cinco pessoas terão sido assim contaminadas.

 

Tudo isto mostra a complexidade da questão ao nível do terreno. Ora, a África Ocidental não tem os meios suficientes, a infraestrutura, nem o pessoal apropriado para controlar a crise. Os EUA, a Grã-Bretanha e Cuba resolveram destacar técnicos e equipamento para o terreno. Mas é preciso mais, incluindo ajuda alimentar. A UE deve estar à cabeça do esforço, assim como a China e a Rússia, enquanto membros permanentes do Conselho de Segurança. É igualmente necessário reconhecer o papel de vanguarda que certas ONGs têm desempenhado, nomeadamente os Médicos Sem Fronteiras. E dar-lhes mais recursos. Temos aqui um repto que interpela a consciência de cada um de nós.

 

(Publicado no número de hoje da Visão)

O ciclismo é uma boa opção

Um dos meus colegas aqui em Stavanger foi apanhado pela polícia à velocidade de 93 Km por hora, numa zona com um limite de 70. A senhora agente, uma jovem alta e esbelta, perguntou-lhe se tinha consciência da gravidade da infração. O colega, ex-oficial piloto-aviador da força aérea de um grande país europeu, perguntou então qual era o montante da multa. Mil euros, foi a resposta. Perante a exorbitância da penalidade, lembrou-se de perguntar se havia alguma alternativa ao pagamento de uma quantia tão elevada por uma violação de trânsito. A jovem senhora respondeu, com a cara mais séria deste mundo, que sim. Que a alternativa que estava ao seu dispor era a de ser detido, de imediato, por um prazo de 21 dias. Sem pagar nada, claro.

Desde então, e com a multa paga, o antigo piloto-aviador tornou-se um dos ciclistas mais entusiastas da cidade de Stavanger.

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