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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Um bom Congresso

O Congresso do Partido Socialista correu bem. A autoridade de António Costa saiu reforçada. A maneira como organizou o Congresso mostrou, uma vez mais, que se trata de um político hábil. O Secretariado Nacional que escolheu tem um ou dois nomes que não deveriam lá estar, mas no essencial, vai constituir uma equipa capaz de apoiar a liderança.

Com um Congresso sem falhas de maior, o PS continua numa dinâmica de vencedor. É hoje um partido mais forte e com melhores condições para tirar vantagem do estado de descontentamento em que se encontra o país. É verdade que as eleições só ficam ganhas depois do último voto ter sido contado. E que daqui até às próximas ainda haverá muito por acontecer. Mas a corrida está nitidamente a favor de António Costa e dos seus.

Um presidente que gosta de cimeiras

Está a decorrer, este fim-de-semana, em Dakar, a 15ª cimeira da Francofonia. Na foto de abertura, na tradicional fotografia dos chefes de Estado membros do clube francófono, surge ao centro François Hollande. À sua esquerda, está outro francófono ferrenho, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema. Sorridente, que ele gosta de cimeiras e de aparecer na primeira linha das fotografias importantes. Já assim havia acontecido em Díli, na cimeira deste Verão, a famosa reunião que aceitou o seu país como membro da Lusofonia.

Tudo isso não é nada mau, para o chefe de Estado de um país que na realidade tem o castelhano como língua efectivamente falada na administração pública e pelas elites.

Sem ironia

A ironia deve ser praticada em doses pequenas e só de vez em quando. Precisa, por outro lado, de ser fina, inteligente, subtil.

A ironia por sistema é própria de quem tem uma visão negativa dos outros. Quem tem por hábito navegar nas águas da ironia acaba por revelar falta de bom senso e de profundidade de pensamento.

O plano de Juncker

Não tive a oportunidade de ler o plano de Juncker, apresentado hoje, sobre revitalização da economia europeia. Tomei nota, no entanto, de alguns comentários que foram surgindo ao fim do dia. E fiquei com a impressão que a proposta avançada por Juncker tem algumas ideias interessantes mas, no fundamental, será mais uma declaração política do que económica. Mesmo assim, não é de descartar. Só que entre as reacções que li, estava um primeiro comentário vindo de Berlim. Dizia, no essencial, que Juncker apresentou um plano que merece ser apoiado mas que a Alemanha não poderá fazer muito mais para além do que já está a fazer. Ou seja, Juncker propõe o que lhe parece adequado e lhe possa dar credibilidade, e nós, o governo alemão, não o vamos criticar, seria inoportuno, no entanto, não esperem qualquer alteração política da nossa parte.

E esta foi, até agora, a declaração mais clara. Os outros governos mantêm-se silenciosos.

Por este andar, o melhor é ler o plano o mais depressa possível, antes que caia no esquecimento. E porquê ler algo que vai ser posto de parte? Pois bem, sempre haverá uma ou outra ideia na proposta de Juncker que valerá a pena conhecer. Além disso, o plano dá-nos uma ideia da filosofia económica que irá guiar a Comissão nos próximos anos. E isso é algo que convém conhecer.

O Papa no centro da política europeia

Não estarei de acordo com muito do que disse o Papa, no seu discurso de hoje, no Parlamento Europeu em Estrasburgo. As ideias sobre o aborto e a eutanásia, por exemplo, fazem parte de uma concepção filosófica que não partilho.

Sei, por outro lado, que a visita tinha, acima de tudo, uma dimensão política, favorável a ambos os lados: à Igreja, que precisa de ser vista num dos centros de poder da Europa, e para os deputados europeus, que têm que encontrar todo o tipo de maneiras para ganhar credibilidade aos olhos dos eleitores.

Mas reconheço que a presença do Papa teve o mérito de chamar a atenção sobre a necessidade de uma visão “ética” da política. A política deve voltar a assentar na procura do bem colectivo, no espírito de missão e nos valores da justiça social e do respeito pelas pessoas. O Papa fez-nos pensar nessas coisas.

É verdade que tais pensamentos são sol de pouca dura. Mesmo assim, é importante que alguém com autoridade moral nos lembre como deveria ser a acção política de gente séria.

A credibilidade política e o bom funcionamento das instituições

Com os acontecimentos da última semana, a credibilidade da classe política parece ter descido para níveis que põem em risco o funcionamento dos mecanismos e das instituições democráticas. Uma parte importante dos cidadãos viu nestes acontecimentos a corroboração da máxima populista e demagógica que quer meter todos os políticos no mesmo saco. Ou seja, os casos de polícia a que estamos a assistir vêm confirmar, na visão popular, a ideia de que a política é feita de oportunistas e de gente à procura do seu interesse pessoal. Com isto, é a democracia que sai enfraquecida.

A tarefa mais imediata de quem tem responsabilidades públicas deverá consistir em demonstrar que há gente séria na política – no poder ou com hipóteses de ser poder. Essa tarefa deve ter como complemento o reforço das instituições de controlo do poder político, para que os cidadãos possam acreditar que quem venha a pisar o risco e a abusar da autoridade que lhe foi conferida terá que pagar as favas.

A agenda política dos próximos tempos passa por essas duas avenidas. Como também deve passar pela questão da economia, do desenvolvimento do país.

O resto são distrações.

E quem anda distraído acaba por não chegar a lugar algum.

Sócrates: uma viragem?

No dia em que todos falam da detenção do antigo Primeiro-ministro José Sócrates, apenas posso acrescentar que um acontecimento desse tipo é mais uma machadada profunda na credibilidade dos políticos que têm passado pelo poder – seja ele o poder central ou o local – bem como na imagem dos partidos tradicionais. Estamos, em grande medida, a abrir as portas a grandes mudanças no jogo político que tem sido o nosso.

Olhar para os exemplos dos outros

Na Bélgica, a média dos salários líquidos por trabalhador situa-se em 2068 euros por mês. Este valor equivale a um salário bruto de 3 261 euros. Apenas 10% dos trabalhadores aufere uma remuneração líquida inferior a 1430 euros por mês.

Em geral, as remunerações são consideradas baixas, insuficientes face ao custo de vida e aos hábitos de consumo, mas existe uma certa resignação, por se pensar que as hipóteses de empregos melhor remunerados são escassas. A estabilidade do emprego é, nas circunstâncias actuais, altamente apreciada.

Quem ganha dinheiro são, entre outros, os médicos especialistas, os canalizadores e os jardineiros por conta própria. Ainda hoje, o observei. O canalizador que veio a minha casa fazer uma pequena reparação de 15 minutos pediu-me 115 euros, em dinheiro e sem recibo. E eu ainda tive que dizer muito obrigado, porque o homem respondeu à minha chamada de ontem para hoje. Ora, por vezes é a cruz e o calvário para se conseguir este tipo de serviços. Por exemplo, há meses que procuro um jardineiro que saiba da poda. Sem sucesso. E quando alguém responde, dois casos até agora, as cotações que me apresentam são de tal modo absurdas que acabo por chegar à conclusão que o meu jardim tem como vocação transformar-se numa reserva ecológica natural.

A manutenção da paz: uma Europa fora de jogo

Este é o texto que hoje publico na revista Visão:

 

Uma Europa ausente das missões de paz

Victor Ângelo

 

 

Os “capacetes azuis” são, para muitos de nós, a face visível da ONU no terreno. Dão corpo a uma das funções mais centrais das Nações Unidas, a manutenção da paz. Para os estados membros, as operações de paz estão entre as questões internacionais que merecem mais atenção política. Muitos diplomatas acham mesmo prestigiante trabalhar nessa área das relações multilaterais, uma espécie de bife do lombo, bem mais atrativa que os temas do desenvolvimento, do ambiente, do comércio internacional e até, dos refugiados ou dos direitos humanos.

Apesar disso, o trabalho da ONU neste campo acha-se de novo numa encruzilhada, à procura do caminho certo. Já havia estado em risco, no final da década de noventa, após a confusão dos Balcãs. Recuperou e ganhou fôlego há dez anos, com os sucessos obtidos na Serra Leoa e na Libéria. Foi então introduzida a noção de “missão integrada”, no sentido de se combinar a ação militar com as dimensões de polícia e os aspetos civis da reconstrução nacional. Surgiram, nos anos seguintes, várias novas operações onusianas, sendo o Sul Sudão, o Mali e a República Centro-africana os exemplos mais recentes. Com a expansão acelerada das missões, as inconsistências tornaram-se evidentes. Não se trata apenas do atraso nos destacamentos, embora seja relevante ter presente que uma missão como a do Mali, passados um ano e meio, ainda tem mais de 30% dos efetivos em falta. Trata-se de outras questões. As insuficiências atuais derivam da ambição absurda dos mandatos definidos pelo Conselho de Segurança, do novo tipo de conflitos armados que têm surgido e da reduzida participação dos países mais poderosos nas missões de paz.

Quanto aos mandatos, a preocupação em dar uma resposta integrada a uma situação de crise nacional caiu no exagero. O que deveria ser uma operação excecional, por um tempo determinado, passou a ser encarado como uma intervenção de anos, uma sucessão de tarefas sem fim, como tem acontecido no Haiti ou na Costa do Marfim. Perdeu-se de vista o que é prioritário. Ora, as prioridades têm que ver com a restauração da segurança interna e dos direitos dos cidadãos. E, em simultâneo, com a facilitação de um processo político que leve à estabilidade democrática e resolva as causas profundas da violência.

Mais. Os conflitos do presente são diferentes das guerras civis e das rebeliões do passado. Estamos, na maioria dos casos, perante crises de grande complexidade. A resposta deve ter em conta a existência de vários grupos armados, com objetivos ambíguos e condutas assimétricas. As novas violências combinam diversos tons de fundamentalismo com banditismo de estilo paramilitar, tudo ensopado num molho híbrido, feito na base da exclusão étnica, da má governação, do desmoronamento das instituições públicas e, cada vez mais, do ódio ao que é entendido como o mundo ocidental. Nos últimos anos, a configuração das missões de paz deixou de ser adequada face a estas misturas explosivas.

Finalmente, há que sublinhar a questão da fraca participação da Europa e dos estados mais desenvolvidos. A realidade é simples: constituímos os países com maior capacidade de desempenho mas temos, ao mesmo tempo, uma presença quase insignificante nos contingentes da ONU. Em nome da eficiência – e também dos valores, da responsabilidade internacional e dos nossos próprios interesses vitais – é premente exigir mais. Meios existem e o treino, também. Falta a vontade política nas nossas capitais. O que é um paradoxo, quando se pensa na importância que se diz dar à manutenção da paz.

 

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