Os nossos malucos e a política externa europeia
Alguns dos nossos desnorteados públicos continuam a dizer e a escrever que a Europa não tem uma visão geoestratégica, que anda por esse mundo às apalpadelas e ao sabor dos ventos mais fortes. Não é verdade. A UE tem hoje um serviço de acção externa de alto calibre, experiente, pertinente e capaz de propor direcções estratégicas. Tem também um novo tipo de competências em matéria de análise de conflitos e de identificação de crises potenciais. Nessa área, desenvolveu recentemente um quadro metodológico que tem servido de modelo para os estados membros mais atentos.
O problema é outro, quando se trata da política externa europeia. Os principais estados têm interesses internacionais que nem sempre coincidem uns com os outros. E por vezes não é possível chegar a uma plataforma comum. Daqui resulta, para os observadores menos sérios ou menos atentos, ou para os nossos demagogos, uma imagem de falta de direcção. Ora, não é bem assim. Às vezes, há direcções a mais, opções distintas e todas elas suficientemente pertinentes.
O caso da Rússia tem sido um bom exemplo de acordo estratégico entre os estados membros. Mas é cada vez mais um processo arrancado a ferros. E isso acontece não por falta de inteligência política, mas porque os interesses dos países são muito distintos, quando se trata desse grande vizinho da Europa.