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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Confusões gregas

Os gregos são muito teimosos, dizia-me há dias um amigo meu, alto funcionário do Comité Internacional da Cruz Vermelha. E mencionava o caso do seu país, a Macedónia, no outro lado da fronteira norte da Grécia. Os gregos opõem-se há cerca de 25 anos ao uso desse nome. E por isso, na UE e noutros documentos oficiais, a Macedónia aparece com a denominação oficial de Antiga República Jugoslava da Macedónia ou FYROM, nas iniciais inglesas.

Uma aberração, graças à caturrice de Atenas. É um bocado como se eu dissesse ao meu vizinho do lado que não pode chamar ao seu filho recém-nascido Victor, por esse nome já estar a ser usado por mim. Pior ainda, pois a Grécia não utiliza, nas suas relações internacionais, a designação de Macedónia. Não há por isso nenhum perigo de confusão.

A única confusão é a que parece existir na cabeça dos políticos gregos.

 

A Grécia e os outros

Eis-me de volta, depois de uma longa viagem. E volto a tempo de escrever, como o fiz esta tarde, sobre a actualidade grega. Uma actualidade sem grandes esperanças para os gregos.

As coisas estão complicadas na Europa e esta não é certamente a altura ideal para pedir aos outros empréstimos sem contrapartidas muito sérias. Ainda hoje lembrava, no meu comentário semanal para a Rádio TDM de Macau, que uma mulher de limpeza na função pública grega ganha 600 euros mensais e um professor de universidade aufere, no serviço público da Lituânia, cerca de metade dessa verba. É verdade que a Lituânia só entrou para a zona euro este ano, mas se houver uma nova ajuda terá que contribuir para o programa grego. Compreender-se-á, então, que as autoridades de Vilnius queiram ver nesse programa medidas de recuperação económica bem concretas.

E a Lituânia é apenas um exemplo.  

Ricos franceses

O diário francês “Les Echos”, um jornal que sabe fazer contas e que escreve sobre a economia e as empresas, perguntou a uma amostra de leitores “que significa ser rico”.

Em termos salariais, a resposta foi clara: ter um ordenado mensal líquido superior a cinco mil euros. Esse seria o limite mínimo. 28% dizem, no entanto, que é preciso ter um salário mensal líquido superior a 10 mil euros. Creio que estes estão mais perto da verdade, tendo em conta o custo de vida em França.

Já no que respeita ao património, os inquiridos pensam que é preciso ter pelo menos o equivalente a 500 mil euros, no conjunto dos bens imobiliários e mobiliários, livres de hipotecas e de empréstimos. Também aqui, temos 16% que afirmam que o mínimo de património necessário para que uma pessoa possa ser considerada rica deveria ser pelo menos um milhão de euros.

Onde quase todos estão de acordo é quando dizem que “parece mal” ser rico. 78% assim o considera. Mas, ao mesmo tempo, a grande maioria – cerca de três pessoas em cada quatro – acha que é “uma boa coisa” procurar ser-se rico.

Interessante.

E como seria a coisa, em Portugal?

O debate sobre as funções do Estado

Os negócios do Estado não incluem a administração de empresas sem valor estratégico. Também não passam pela gestão de empresas em falência crónica, que vivem pura e simplesmente à custa dos impostos dos cidadãos.

Este tipo de posição não tem nada que ver com uma visão liberalizante da economia. Tem, isso sim, uma relação directa com um Estado forte, capaz de desempenhar as funções de essenciais da soberania, de regulação económica e social e de criar as oportunidades que todos devem ter, desde a mais tenra idade.

Não cabe ao Estado gerir empresas de transporte. Também não é missão do Estado administrar unidades fabris ou bancos. Mas é função do Estado fazer com o sistema de justiça funcione a tempo e horas, e com equidade, ou que se possa andar nas ruas sem medos nem agressões. E assim sucessivamente, nas questões que saem do âmbito da iniciativa privada.

O debate sobre o papel do Estado continua a ser um assunto de grande actualidade, não haja dúvidas.

Os chineses

Há por aí uma certa dose de racismo contra os chineses. Convém estar atento. Trata-se de um sentimento que é preciso combater sem folga. O racismo é a forma mais acessível de resolver uma série de frustrações. É uma maneira primária de encarar a concorrência ou a percepção de uma ameaça exterior. Começa por uma ponta e depois abrange toda uma variedade de casos.

É evidente que há que proteger o que possa ser considerado de interesse nacional. Mas é preciso fazê-lo com muita inteligência, que o mundo de hoje já não é o de há vinte ou trinta anos. E é igualmente importante fazê-lo num quadro mais amplo, que multiplique as nossas forças e as nossas capacidades de resposta. Por isso, muitas destas coisas relacionadas com os investimentos estrangeiros e o comércio internacional devem ser vistas no conjunto europeu.

A China é um país extremamente poderoso. Tem a força dos grandes números. Mas é igualmente um estado que sabe quais são os limites da soberania. Responde bem quando lhe lembramos esses limites. É tudo uma questão de se saber negociar e de ter a coragem das nossas ideias e dos nossos interesses colectivos.

Estamos em vésperas de virar a página

A questão grega parece ter chegado à hora da verdade. O dia foi de frenesim, o governo de Atenas apresentou novas propostas, que estão a ser analisadas. Muito depende da conclusão a que chegarem quem as está a analisar, gente da Comissão Europeia, do BCE e do FMI.

Vai ser difícil, no meu entender, que as novas proposições passem no crivo técnico. Porém, o momento é altamente político. E é possível que a política diga que sim, que abra uma janela temporária. Não sei se assim será, pois o governo da Grécia queimou muitas pontes. Diplomaticamente, a coisa tem sido um desastre. Ora, os políticos precisam de gestos diplomáticos para poder justificar, perante os seus eleitorados, qualquer decisão mais favorável. É que uma boa parte da opinião pública europeia está pouco inclinada para o lado grego.

Veremos amanhã à noite qual será o novo capítulo de todo este drama bem confuso em que a Europa e sobretudo a Grécia, se encontram.

 

 

 

Derivas

As próximas eleições legislativas em Portugal, previstas para Outubro, são uma incógnita. Ou seja, imprevisíveis, para já. Isto deixa uma certa margem de manobra a quem saiba manejar a política e acerte com o discurso que interessa aos eleitores. Também poderá permitir uma certa renovação da paisagem política. Mas aqui, tenho dúvidas. Quem apareceu até agora não tem garras para a disputa que se impõe. E, nalguns casos, serão apenas mais do mesmo, oportunistas à pesca de cargos, protagonismo pacóvio e benesses.

América Latina

Passo a transcrever o texto que hoje publico na Visão.

Boa leitura.

 

Olhando a América Latina

            Victor Ângelo

 

            Dizer que a UE acaba de redescobrir a América Latina seria um exagero. Mas é certo que em Bruxelas há agora mais interesse por essa parte do mundo, como ficou claro na cimeira da semana passada, que reuniu os líderes de ambos os lados. E ainda bem. No entanto e apesar da beleza das estatísticas, o entusiasmo político do lado europeu continua a parecer algo frouxo. Durante o encontro ninguém quis falar de reticências… Ora, quando se procura estabelecer um relacionamento político e económico mais aprofundado com a América Latina, incluindo as Caraíbas, é preciso ir ao fundo das questões, de modo construtivo, embora sem soberbia nem voos ideológicos próprios de outras épocas.

            Estas relações transatlânticas parecem-me condicionadas por três tipos de fatores. Primeiro, porque quem tem influência na Europa pensa que uma boa parte da América Latina sofre de instabilidade política crónica. Quem decide sobre investimentos e parcerias não gosta de regimes políticos instáveis, suscetíveis de gerar conflitos nacionais fraturantes e populismos desastrosos. Os exemplos da Venezuela e Bolívia causam arrepios. Segundo, os altos índices de criminalidade violenta, evidentes sobretudo na América Central, metem medo e desencorajam. Em terceiro lugar, temos a concorrência. A região é comparada com o potencial de negócios que existe noutros espaços económicos. Os mercados asiáticos afiguram-se hoje como mais atraentes, quando se trata de processos produtivos de ponta. Assim, a atenção dos que querem internacionalizar as suas empresas vira-se primeiro para o Oriente. Sem esquecer que é mais fácil encontrar na China e sobretudo na Índia as qualificações que contam na economia digital do futuro, ávida de engenheiros, programadores e outros profissionais do género.

            A esta encruzilhada de condicionantes convém acrescentar uma outra observação: não há, de momento, no conjunto dos governos dos países mais significativos da América Latina, um só que esteja em condições de assumir a liderança do movimento de aproximação com a Europa. O do Brasil era uma das grandes esperanças. Deste lado do oceano, existe contudo a impressão que Dilma Rousseff e os seus estão cada vez mais prisioneiros de uma situação política interna complexa, que não lhes dá margem para desempenhar um papel de peso na cena internacional. Além disso, a colagem aos BRICS, e em particular à Rússia, é vista como avessa às posições da UE. O silêncio da diplomacia brasileira face à ocupação da Crimeia contrasta com o hábito que até agora prevalecia em Brasília de comentar de modo oficial todo e qualquer incidente internacional.

            Há quem pense no México, que teve direito a uma cimeira à parte, após a regional. O país não será um modelo em termos de ordem pública, mas é visto como relevante para a segurança energética da Europa, sem esquecer a pujança da sua economia. Poderá ser, igualmente, um intermediário político de valor na transformação de Cuba e mesmo da Venezuela. O México, por seu turno, procura um efeito de alavanca na Europa, que lhe permita reforçar o seu diálogo de vizinhança com os EUA.

            Para completar o quadro, creio necessário mencionar a Colômbia, o Peru e o Chile. Diz-se, nos nossos corredores do poder, que estes estados estão no bom caminho.

            A verdade é que a parceria com a América Latina é boa mas ainda tem muito pano para mangas. Portugal pode ter aqui um papel bem mais ativo. E não apenas porque o futuro cabo transoceânico de fibra ótica entre os dois continentes vai partir de Lisboa.

 

 

 

 

Um balão de ensaio

Hoje, pela primeira vez, o debate público foi mais longe. Já não se trataria apenas de saber se a Grécia irá ou não sair da zona euro. Agora, começou a reflexão sobre a possível saída desse país da União Europeia. Assim mesmo: a Grécia estaria em vias de ter que abandonar a UE.

Não sei quem lançou esta ideia. Mas estas coisas não acontecem por acaso. Muitas vezes são uma maneira disfarçada de preparar as pessoas para o pior cenário. Serão, noutros casos, uma maneira de fazer pressão. E neste exemplo concreto da Grécia, o levantar desta hipótese até pode ser uma maneira de agitar uma parte da população grega contra um governo que não está na lista dos favoritos, por essa Europa fora.

 

 

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