Portugal: o ano 30.
30 anos após a adesão de Portugal à vizinhança europeia, o balanço parece-me francamente positivo. Somos hoje um país muito mais moderno, desenvolvido e arejado. Temos uma nova geração de profissionais e de empreendedores mais ousada e melhor preparada para os desafios do futuro. E estamos no espaço geopolítico que é o nosso, que nos protege de aventuras tresloucadas e de radicalismos catastróficos.
É verdade que também temos um país mais dual, mais dividido.
De um lado, está quem conseguiu, por diversas vias e esforços, reunir as condições necessárias para tirar partido da abertura ao exterior. Incluindo muitos dos mais jovens, mesmo sem esquecer que a taxa de desemprego entre esta categoria de portugueses é anormalmente elevada. Mas muitos deles estão melhor preparados para enfrentar os desafios. E assim acontecerá.
Do outro, encontramos os mais velhos, os menos escolarizados, os mais dependentes de actividades económicas tradicionais e pouco competitivas. Para estas pessoas a competição com o resto da Europa acarreta dificuldades adicionais. Muitos sentem, por isso, que a adesão está a jogar contra os seus interesses.
Há que tratar dos interesses de ambos. Uma comunidade nacional é uma realidade complexa, variada e marcada por contradições. O papel dos líderes é promover a coesão nacional, encontrar o ponto de equilíbrio.