Uma nação que precisa de ser puxada para cima
Neste dia em que, segundo os indícios que vão surgindo, aumentaram as pressões sobre o governo grego, exigindo um novo programa de reformas muito mais abrangente e contrário à filosofia do Syriza, apareceram igualmente dados sobre a vida em Portugal. Uma espécie de fotografia da Nação, que revela cores muito sombrias.
Estamos hoje pior, segundo o que foi trazido a público, do que estávamos há muitos e bons anos atrás.
Para mim, há duas grandes questões que se levantam e que serão cada vez mais prementes.
A primeira tem que ver com as desigualdades. Na minha leitura dos dados e na observação dos factos, tem-se agravado a dualidade entre uma pequena minoria, que vive desafogadamente e sabe mexer-se nos tempos de agora, e a grande maioria, que luta pela sobrevivência e se sente perdida face às realidades de hoje. A tendência é para que esse fosso social se aprofunde.
A segunda relaciona-se com a nossa incapacidade geral, salvo excepções, de competir numa economia aberta e mais internacionalizada. À medida que se avançar com a abertura dos mercados, com os novos acordos comerciais internacionais que estão na forja, com o apelo ao investimento estrangeiro, ficará mais evidente que não temos, na maioria dos casos, unhas nem capacidade para competir com os que virão de fora. Não estamos suficientemente preparados para a globalização das relações económicas e comerciais. Somos, isso sim, um povo que precisa da tranquilidade, que já não existe, que é um mito, o sossego de quem vive por detrás de barreiras levantadas ao longo das linhas de fronteiras.
Perante estas constatações, se hoje estamos mal, o risco de amanhã virmos a estar ainda menos bem é muito grande. Diria mesmo, que me parece enorme.
É isso, entre outras coisas igualmente estruturantes e urgentes, que a nossa política deveria procurar resolver.