Tudo boa gente
Os meus leitores habituais sabem que andei por muitos sítios e que tive que lidar com muitos e variados políticos. E também já perceberam que não tenho a classe política portuguesa numa consideração muito alta. Não o nego.
A verdade é, porém, que não se podem pôr todos os políticos de Portugal no mesmo saco. Há que ter um mínimo de realismo e aceitar as coisas como elas são. Como também há que reconhecer que existem diferenças relativamente claras entre os genes de cada agremiação política.
Um partido que tenha nascido da contestação voltará sempre, mais tarde ou mais cedo, à sua marca identitária. Está-lhe na alma, faz parte da marca da casa. Um outro, que seja fruto do pensamento único, da crença em vanguardas que anunciam amanhãs que cantam, que tenha sido inspirado por regimes totalitários, acabará sempre, mais tarde ou mais cedo, por mostrar a verdadeira natureza das suas práticas. Outro, que tenha feito do PS o seu alvo principal, ao longo de décadas de escárnio e maldizer, deixará isso de parte por uns tempos, para depois voltar ao ataque, quando as circunstâncias se tornarem particularmente difíceis.
Por isso, lembrei-me hoje daquela historieta do lacrau que vai às costas da rã, para atravessar o rio. Uma fábula que todos conhecem.
A certa altura, a natureza do bicho é mais forte que a sua própria sobrevivência.
Pena. Era um lacrau simpático.