A classe média
Hoje volto a uma questão que já aqui foi levantada e que continua sem resposta. Como se define a classe média?
Vários políticos e outros habilidosos do comentário público falam amiúde da classe média. E dão a impressão que esta é uma categoria social onde cabe quase todos, desde que tenham um emprego ou um rendimento mensal previsível, capaz de satisfazer as necessidades básicas de uma família nuclear, ou seja, as despesas de alimentação, habitação, escolares, de saúde, vestuário, calçado e de lazer. Dito de outra maneira, uma família que conseguisse chegar ao fim do mês sem dívidas extras, para além da habitual prestação da casa, depois de ter pago todas as contas resultantes de uma existência sem exageros nem loucuras, mas sem apertos nem desassossegos, estaria dentro da classe média.
Muito bem. Mas mesmo assim, conviria falar de valores. Aqui, onde vivo, o intervalo seria entre os dois mil e quinhentos e quatro mil e quinhentos euros mensais líquidos por família. A distância entre estes dois valores extremos mostra claramente que estamos a tratar de um conceito amplo e relativamente vago. Dão, no entanto, alguma precisão a uma classe que se define, antes de tudo, pela maneira subjectiva como cada um vê a sua posição na escala social.