Ir ao teatro em Bruxelas
Bruxelas continua a viver ao ralenti. O choque foi extremamente violento. Recuperar leva algum tempo. Mas os cidadãos têm sabido manter a serenidade.
Ontem, por exemplo, fui ao teatro, como estava previsto há bastante tempo. A sala estava quase cheia, poucos foram os que tiveram receio e preferiram ficar em casa.
Ora, o teatro, uma instituição muito conhecida, com três peças a correrem cada serão, está situado num bairro marcadamente “estrangeiro”, quase inteiramente muçulmano, Saint Josse, para quem conhece Bruxelas.
Uma boa parte dos espectadores são pessoas de “uma certa idade”, gente que já tem muita experiência da reforma, muitos anos de pensionista. Lá estavam, ontem, como das outras vezes. E os mais jovens também.
Eu olhava para aquela grande sala, e pensava na tragédia que seria se alguém resolvesse lançar alguma coisa no meio daquela gente. É difícil não pensar assim. Estamos todos obcecados pelas hipóteses de mais atentados.
Mas, no final, a vida continua e o espectáculo não pode parar.
Esta sim, esta é que é a normalidade. O terrorismo não é nem nunca será a normalidade, nem nova nem velha. É uma aberração de doentes e criminosos.