Sobre a segurança internacional
Dirigi esta semana, pela terceira vez desde o início do ano de 2016, um seminário de pós-graduação na Suíça sobre as questões da paz e da segurança internacional. Estes seminários fazem parte das actividades académicas do conhecido e respeitado Geneva Centre for Security Policy (GCSP).
Como de costume, os participantes vieram de diferentes partes do mundo. É uma grande vantagem. Permite obter uma visão mais diversificada dos temas em análise bem como das relações de poder no xadrez mundial. Mais ainda, a classe desta semana tinha uma percentagem maior de participantes com vários anos de experiência em ambientes de trabalho diplomático, policial, militar, em instituições de segurança nacional – um dos alunos desempenha funções de alta responsabilidade no Conselho Nacional de Segurança da Índia – e também em centros de estudos especializados.
As discussões que mantive com a classe revelaram várias coisas. Sublinho aqui duas delas. Primeiro, existe um enorme cepticismo em relação à capacidade da máquina onusiana na área da manutenção da paz. Os mais esclarecidos não acreditam que a ONU tenha actualmente as condições necessárias para obter resultados e conseguir ajudar a construir um paz duradoura, excepto nalguns casos de conflitos em países de importância reduzida e na periferia dos interesses das grandes potências. Segundo, ficou claro que existe uma percepção muito forte de volatilidade e de risco. Quem olha para o horizonte da política internacional com olhos de ver apercebe-se de toda uma série de riscos que podem pôr em causa a paz e a estabilidade em partes importantes do globo, incluindo na nossa. Notará igualmente que as ameaças podem mesmo pôr em causa a sobrevivência de certos arranjos institucionais que fazem parte há décadas da arquitectura securitária internacional.
Ou seja, temos aqui a opinião de que existe hoje um somatório de novos riscos que não podem ser ignorados nem tratados pelo prisma do politicamente correcto.