Um exemplo profissional
O meu motorista em Bichkek é um cidadão “etnicamente russo”, como diz o seu bilhete de identificação nacional. Um homem que deve estar na casa dos sessenta, mais ano menos ano. Em 1991, na altura da independência do estado quirguize, resolveu ficar e adoptar a nacionalidade do país para onde a União Soviética o havia trazido, tinha ele seis meses de vida. Os seus filhos, hoje maiores, resolveram emigrar para a Rússia, tal como aconteceu com a grande maioria dos russos nesta parte do mundo. Ele e a mulher sentem-se bem no Quirguistão.
Hoje, deu-me uma lição de ética profissional.
Estava eu no carro, com um colega, no banco de trás e íamos encetar uma conversa sobre um dos encontros que acabáramos de ter. Uma conversa que seria um pouco mais delicada que o habitual. Ele, que até então só precisara de falar russo, interrompeu-nos de imediato, em inglês, para nos alertar que entendia bem a língua inglesa e que, por isso, achava que era bom que estivéssemos a par dessa sua competência.
Foi exemplar.
E passámos a vê-lo não apenas como motorista mas como um guia que conhece bem as ruas e as histórias de Bichkek.