Notas sobre os radicalismos
Alguém perguntava hoje, num diário de Lisboa, se podemos “pôr no mesmo saco os radicalizados à esquerda e à direita”. A pergunta vinha no seguimento de um texto sobre o populismo, com uma referência especial ao ensaio que Jorge Sampaio publicou recentemente sobre esse tema.
Independentemente da posição defendida no artigo, que não quero comentar, deixo aqui expresso que a minha resposta sobre esta questão do populismo não é escrita a preto e branco. Há aqui vários matizes, mas o que importa é a versão radical.
O combate contra o populismo radical tem como finalidade evitar que os seus expoentes se aproveitem dos mecanismos democráticos para conquistar o poder e impor, de seguida, uma visão unidimensional, redutora e opressiva da gestão política. Assim, se os extremistas de direita, como é o caso de Marine Le Pen, estiverem próximo de ganhar as eleições, o combate é contra eles. As diferentes facetas da luta política, incluindo as alianças partidárias, deverão, nesse caso, servir para atingir o objectivo que é o de impedir que esses extremistas cheguem ao poder.
E o contrário também é verdadeiro.
Dito isto, é sempre bom lembrar que um radical é sempre um radical e um grande perigo político. Um radical é contra a liberdade de pensamento, pois está convencido até ao tutano que detém a verdade absoluta e por isso, não aceita opiniões diferentes. Um radical não aceita a diversidade que existe nas sociedades modernas. Não quer entender que a democracia é um sistema que procura gerar equilíbrios entre diferentes interesses e sensibilidades. Também não entende que no século XXI cada país faz parte de um xadrez internacional de alianças políticas e de relações económicas. O extremista não tem uma visão global do presente. Vive numa realidade imaginária.
Num mundo complexo como o de hoje, todos os extremismos são condenáveis e inaceitáveis.