Lá fora está a chover
Defendo que a noção de soberania, no contexto da Europa de 2017, não pode ser igual à que existia em 1945, após uma grande guerra entre as nações do nosso Continente. Estes conceitos evoluem com a história e ganham conteúdos e sensibilidades diferentes.
Nacionalismo não significará agora o significava há setenta ou oitenta anos.
Hoje é preciso ter uma visão muito mais aberta, que tenha em conta os interesses comuns e partilhados. Um entendimento estreito da nossa política externa, ou de defesa, segurança interna ou justiça não faz sentido. No presente, a nação ganha projeção quando consegue integrar as suas ambições nessas e nas outras áreas de soberania num sistema comum, que a todos sirva.
Isto não quer dizer que não defenda os seus interesses e as vantagens dos seus cidadãos. Quer dizer, isso sim, que esses interesses ficarão melhor servidos quando aliados aos interesses dos que connosco partilham o mesmo espaço geopolítico e os mesmos valores que definem a nossa cidadania, os nossos direitos e as nossas liberdades.
Quem vê a política de agora com os olhos de outrora só pode concluir que a Europa, enquanto ambição política, não faz sentido. Temos muito disso por aí. São, na realidade, os defensores de uma interpretação retrógrada da história. E sentem-se reconfortados pelo facto de muitos de nós, no nosso quotidiano, nos movermos apenas em redor do campanário que define o horizonte diário das nossas vidas. Como vivemos assim, não acreditamos nem imaginamos que haja necessidade de outros voos.