Permanecer no Euro
Quem advoga a saída de Portugal da zona euro terá as suas razões.
Algumas estarão relacionadas com o oportunismo político, com o acreditar que uma posição desse tipo pode dar votos.
Outras, terão fundamentos ideológicos, ou seja, reflectem uma maneira de ver que pinta a UE como um espaço de capitalismo selvagem e de imperialismo político, uma construção diabólica que haverá que desmantelar. São os aliados “objectivos” de Putin e de todos os que querem destruir a unidade europeia. Não se percebe bem que modelo económico preconizam. Não será certamente o da Venezuela ou da Coreia do Norte. Nem mesmo o da China, ultraliberal que é, do ponto de vista económico. Deve ser, isso sim, o modelo da autossuficiência do Tio Manel, que vive das couves, batatas e nabos que planta e da galinha que esgaravata no quintal das suas penas perdidas.
A esses juntam-se os nostálgicos do escudo, nacionalistas de memória curta e inteligência estreita, que imaginam uma independência económica que nada tem que ver com as relações comerciais e financeiras de agora. Idealizam um passado que foi, na realidade, um passado de muita miséria.
E temos ainda mais uma mão cheia de tolos, que não sendo o sal da vida, dão cor à política portuguesa.
A nossa saída do euro, com a economia que temos, muito virada para o exterior e marcadamente dependente de toda uma série de importações, incluindo de bens alimentares, levar-nos-ia em pouco tempo a uma situação de escassez de produtos, de perda do poder de compra e de agravamento da precariedade social. Secariam, igualmente, as fontes dos investimentos estrangeiros e as remessas dos nossos emigrantes.
Felizmente, uma maioria muito vasta de portugueses entende isso. E por isso, quer continuar a ter o euro como moeda. Somos, afinal, um povo com muito juízo.