No nosso caso, a regionalização só se justifica no que respeita aos Açores e à Madeira. E essa, está basicamente feita. Ambos os arquipélagos têm um nível de autonomia política e administrativamente aceitável.
Quanto ao Continente, a posição deve ser não. Regionalização, não! Regionalizar, no espaço que é o nosso, é apenas um truque para satisfazer as clientelas políticas locais e, também, os o querem viver à custa dos dinheiros públicos. Um truque caro, ainda por cima.
O que precisamos é de modernizar a administração pública, descentralizar serviços e delegar funções para o poder local. Por outras palavras, trata-se de simplificar, desburocratizar e de partilhar, de uma outra maneira, a responsabilidade por certas funções administrativas.
Também precisaríamos, isso sim, de um exercício independente de avaliação das despesas e custos dos serviços públicos, de modo a racionalizar o que o puder ser – há muita duplicação e muita tarefa difícil de justificar – e a poupar recursos.
Nesses casos, aí sim, estaríamos a agir de modo estratégico. Mas, onde estão os líderes capazes de lutar por estas coisas?
Se eu fosse dirigente de um partido político, a minha mensagem programática seria construída à volta de três verbos. Dignificar. Simplificar. Proteger.
O diálogo com os meus concidadãos teria sempre como objectivo aprofundar o significado, o conteúdo e a relevância de cada um desses verbos.
Na sua qualidade de dirigente do partido, o senhor – ou, a senhora – pode explicar-me, em três simples linhas, qual é a agenda política que propõe aos cidadãos?
E já agora, numa só frase curta e directa, diga-me por favor qual é a principal diferença entre essa sua agenda e as que parecem definir os partidos políticos vizinhos?
Escrevo muitas destas palavras com um lápis. É um truque. Ou, talvez apenas, uma ilusão. Mas, conta. Ajuda-me a ter sempre presente que tudo é precário, que pode ser apagado facilmente ou mudar de tom. Sobretudo quando se trata de coisas políticas.
Esta de apelidar o Bloco de Esquerda de “social-democrata” não lembraria a todos. Lembrou, no entanto, à editorialista do Público de hoje. Diz, em resumo, que “…o que Bloco quer fazer são reformas à boa maneira social-democrata…”
Deve ser por esse motivo que o mesmo Bloco quer a estatização de uma série actividades económicas, e outras coisas radicais, aqui em Portugal. E que na frente externa, se alinha com os extremistas da ultra-esquerda europeia, como o partido de Jean-Luc Mélanchon, em França, ou o Unidos Podemos de Pablo Iglesias, ou ainda Die Linke, na Alemanha, o partido que renasceu das cinzas do comunismo da antiga RDA.
Isto só dá para que a agenda social-democrata pareça ainda mais confusa.