Os ultraradicais brancos que apoiam o Presidente dos Estados Unidos têm estado em campanha contra Emmanuel Macron e Angela Merkel. No essencial, acusam estes dirigentes europeus de estarem empenhados no enfraquecimento da NATO, na promoção da imigração de gentes de fé islâmica e de colaboração com a Rússia e o Irão.
Estas acusações são meras armas de arremesso e de tentativa de divisão da liderança política europeia. No fundo, existem por esses dois dirigentes não se alinharem acefalemente com as posições que o Presidente Trump vem tomando, nessas e noutras áreas.
A verdade é que a Europa tem interesses estratégicos distintos dos americanos. Por outro lado, não pode seguir de modo acrítico políticas em que não acredita e que poderão levar a graves crises internacionais.
Uma das zonas do globo que mais sofre com as mudanças climáticas, em particular com o aumento da temperatura média, é a Sibéria. O que aí acontece tem proporções gigantescas, como tudo o que se passa nessa parte da Rússia. O chefe do bureau moscovita do New York Times, Neil MacFarquhar, passou recentemente dez dias na região. Dessa visita, resultou um texto que o jornal nova-iorquino agora publica e que vale a pena ler. O endereço é o seguinte:
É evidente que não estou aqui para ofender seja quem for. E ainda menos, em Agosto, numa altura em que os leitores têm mais que fazer do que estar a ler estas linhas. Mas ficar calado também não é opção, pelo menos no meu caso. Por isso, vou acrescentado umas linhas, mais ou menos diárias, ao muito que já aqui foi dito. E continuo a apreciar os que me lêem e divulgam o que escrevo. A internet dá-nos uma voz e é importante que a aproveitemos.
Mas dentro de alguns anos, deverão existir programas de Inteligência Artificial que escreverão estes blogs a nosso pedido. Bastará dizer qual deve ser o tema e força, o programa gerará um texto, com uma redacção que terá em conta a nossa maneira própria de pensar e será fiel à nossa linha ideológica. Isso poderá acontecer dentro de cinco anos, se tivermos presentes os investimentos que estão já a ser feitos em matéria de AI.
Desde 2012 tem havido um progresso considerável na área da AI. Se se comparar o que se consegue fazer agora com o que se fazia então, estaremos a falar da noite para o dia. E, neste momento, estão em curso quatro ou cinco pesquisas de grande vulto que irão acelerar a capacidade da AI. Os super-computadores já estão na calha. Serão tão completos em termos de informação e tão rápidos, que nos irão colocar num canto, apenas a dar ordens e a ser surpreendidos pelos resultados.
Kristalina Georgieva é uma pessoa com muita experiência no que diz respeito às questões da economia internacional. É actualmente a directora executiva do Banco Mundial em Washington, ou seja, a número dois da instituição. Muitas vezes, nestas organizações, o “segundo comandante” tem pouco peso, servindo sobretudo para tratar de questões protocolares, assistir a casamentos e enterros, como se costuma dizer de muitos vice-presidentes. Não é o caso de KG. Ela tem poder efectivo.
Acaba agora de ser seleccionada como a candidata europeia para o lugar de cabeça do Fundo Monetário Internacional. A sua selecção revelou várias coisas.
Quem manda efectivamente na União Europeia é a França. Foi o ministro francês da Finanças quem coordenou e guiou todo o processo.
A Europa do Norte alinha-se cada vez mais por detrás das posições holandesas.
A UE apenas respeita as regras quando lhe convém. Neste caso, KG está fora do critério da idade – tem mais de 65 anos, o limite que até agora tem sido a regra. Esse critério serviu, no passado, para eliminar candidatos de valor. Neste momento, a UE quer mudar as regras de um jogo que já está a meio, porque a sua candidata não cabe nele.
A atribuição mais ou menos automática do cargo maior do Fundo a um Europeu é um anacronismo. A UE deveria mostrar modernidade e realismo, permitir que outros candidatos, de outras partes do mundo, pudessem igualmente entrar na corrida.
KG não se conformou com o insucesso da sua candidatura ao posto de Secretário-Geral da ONU. Na sua opinião, via-se com mais trunfos do que António Guterres. Vai, agora, receio bem, se for confirmada como Managing Director do FMI, mostrar alguma rivalidade em relação a Guterres. É verdade que essa rivalidade seria mais acentuada se ela tivesse sido nomeada para a cabeça do Banco Mundial, uma organização que tem na sua carga genética a competição com a ONU. Mas, mesmo assim…
No que respeita à nossa aldeia, o governo e os media andaram um par de semanas a tentar enganar-nos com as hipóteses que Centeno teria. Foi um misto de promoção política do governo de António Costa com a parvoíce habitual e patrioteira de certos jornalistas. Temos, na verdade, uma aldeia muito curiosa, de engana parolos e de fantasistas.