A minha luta contra o vírus
O termómetro cá de casa passou os últimos anos na gaveta dos remédios, em perfeito isolamento. Hoje, lembrei-me de pegar nele, não para matar saudades, mas para fazer um teste de temperatura. Não resultou. O termómetro havia transitado para o mundo dos objectos recicláveis.
Peguei em mim e fui à farmácia da esquina, para comprar um outro. A jovem ajudante farmacêutica olhou-me com um ar de quem olha para um ser vindo de um planeta distante e disse-me que termómetros, não há. Estão esgotados há semanas e nem sabe quando chegará uma nova remessa. Acrescentou, com a simpatia que lhe conheço de há muito, que não vale a pena que eu ande pelos cantos de Bruxelas à procura da coisa. Estão esgotados em toda a cidade.
Voltei para casa, e ao longo dos duzentos metros que me separam da farmácia, fiquei a pensar que o meu combate contra o famoso vírus fica agora em desvantagem. Também pensei que é difícil de perceber a razão para que uma coisa tão banal esteja indisponível. Isto do comércio da saúde tem que se lhe diga.