O medo que se instalou em Hong Kong
Esta manhã, o jornal de Tóquio, Nikkei Asian Review, uma publicação económica com uma circulação superior a três milhões de cópias diárias, convidou-me para um webinar – uma conferência por meios digitais – sobre “o futuro de Hong Kong”. A discussão estava planeada para a próxima semana e deveria ter como oradores principais dois dos seus correspondentes em Hong Kong.
Falei sobre esta iniciativa com uma ou duas pessoas que conhecem bem a realidade que se vive no território – uma delas esteve recentemente envolvida numa tentativa de mediação entre as partes, os pró-democracia e os pró-regime, organizada por uma das velhas universidades britânicas, mediação essa que foi entretanto por água abaixo – e achámos que era um projecto ousado, à luz da severidade da nova lei sobre a segurança nacional, que acaba de ser aprovada em Beijing.
Uma hora depois, tentámos entrar em contacto com a Nikkei sobre a participação no webinar e ficámos a saber que a iniciativa havia pura e simplesmente sido anulada. Foi chama que se apagou num instante. Compreendemos e achámos prudente. Com a nova lei, qualquer acto público que possa parecer uma crítica da China e do grupo que Carrie Lam, a Chefe Executiva de Hong Kong, lidera, pode levar a muitos anos de prisão. O medo é agora a moeda que mais circula em Hong Kong. É um desconsolo.
Entretanto, o governo de Macau anunciou que vê com bons olhos essa lei da segurança nacional. E mais nada, que as gentes de Macau têm outras preocupações.