Festejar em tempos de isolamento
O plano, formulado no início do ano, era estar hoje em Omã. Numa espécie de reunião de família, com as filhas e o resto do pessoal. Para marcar a data. Mas um plano é um plano e a covid é uma realidade. Com a pandemia é muito difícil fazer planos. Assim, o dia decorreu com um de cada lado, à distância. No nosso caso, a única diferença é que o almoço teve lugar na sala nobre da casa e não na varanda ou no canto específico da cozinha. Comer na sala foi uma espécie de manguito educado que fizemos à pandemia. Também aí houve uma alteração de planos. Inicialmente, a intenção era a de ir almoçar ao restaurante fino aqui do bairro, junto à água. Venceu a inércia que a pandemia nos traz. Ficámos em casa. Entretanto tinha comprado dois belos linguados para o almoço. O rapaz da peixaria garantiu-me que eram selvagens. Sim, disse selvagens. Pensei que, se assim era, seria uma boa maneira de ter um almoço mais perto da natureza, aquela que nos faz esquecer as pandemias. E linguado grelhado, empurrado pela goela abaixo graças ao champanhe produzido por um nosso conhecido, numa pequena quinta familiar no coração da região de Champagne, e mini pimentos no forno, foi a única companhia que tivemos para o almoço.