Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. A França preside a partir de amanhã, por seis meses, à União Europeia. E Emmanuel Macron vai ter, nesse mesmo período, uma eleição muito disputada. Bom Ano Novo, é o que desejo a todos.
Joe Biden e Vladimir Putin falaram por videoconferência a 7 de Dezembro durante duas horas. Voltaram a falar hoje durante 50 minutos. Foram duas longas conversas em menos de um mês. Se por um lado é bom que os dois líderes discutam, por outro o curto intervalo entre ambas mostra a seriedade das tensões existentes.
Entretanto, esta semana, os EUA realizaram duas missões de recolha de informações militares ao longo da fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Os resultados não são obviamente do domínio público. Mas as indicações conhecidas mostram que existem razões para temer uma possível ofensiva russa. A conversa de hoje deve ter sido à volta disso.
E em preparação para as negociações americano-russos que começarão em Genebra dentro de duas semanas. As delegações partem para Genebra com posições muito diferentes. Há um fosso enorme entre elas. É assim, tantas vezes, quando existe um conflito entre as partes. Mas o diálogo entre os presidentes e o facto das delegações americanas e russas serem dirigidas por personalidades muito próximas dos respectivos líderes são dois aspectos positivos.
Hoje fizeram-me uma série de perguntas sobre o mundo. Foi uma longa sessão, que resultará numa entrevista que deverá sair a público no primeiro dia do Ano Novo. Ou nesse fim de semana. Falei de Joe Biden e do seu primeiro ano de política externa. Da Europa como potência global. De Vladimir Putin e da NATO. Da pandemia. Da reforma das Nações Unidas. De questões de liderança, que é um tema que estudo há alguns anos. Aí, falei dos diferentes tipos de líderes: positivos, como Nelson Mandela; negativos, como Donald Trump; e dos neutros, que não atam nem desatam, apesar da popularidade que têm. Neste último caso, deixo a escolha de um exemplo para o leitor. Tenho a certeza que haverá por aí um nome que sobressairá de imediato. Claro que também respondi a questões sobre a China.
No final, o entrevistador, que é um dos grandes dos nossos media, recompensou-me bem, ao dizer:” Excelente reflexão sobre o mundo de um homem que efetivamente viu muito mundo”.
Dir-se-ia que uma parte do país está na fila para fazer o teste da Covid. Este é um final de ano bem estranho. E fica ainda mais estranho porque o tempo está carregado de nevoeiros e de nuvens baixas. 2021 aproxima-se do fim de modo inglório. E anuncia um começo de Ano Novo confuso e perturbado.
Que impacto terá tudo isto nas eleições que se aproximam?
Quando escrevi sobre Desmond Tutu, liguei a sua vida à expressão "liderança positiva". Sempre me interessei pelas questões de liderança. A capacidade e a qualidade dos líderes fazem a diferença, nos processos de transformação social. Por isso, procuro frisar os exemplos que merecem ser frisados.
Um dos meus leitores interroga-me sobre a expressão. Que significa positiva, quando ligada à liderança? Como resposta, mencionarei Donald Trump. O homem é um líder. Não tenho dúvidas. Mas é um líder que leva as pessoas no sentido errado. É um exemplo de liderança negativa.
Os media de referência em Portugal tratam as opiniões e iniciativas do Presidente da República de modo venerando. Há mesmo, ao nível do subconsciente, uma espécie de sentimento de inferioridade, por parte dos principais directores e editores da nossa comunicação social.
E, pouco a pouco, vão criando um novo ente superior, que poderá, no momento oportuno, tomar o lugar que com o tempo o actual Presidente terá de deixar vago.
Na verdade, certos media acreditam na reencarnação. Ou seja, o mítico D. Sebastião continua a aparecer, em pleno século XXI, nas redacções de certos medias. Nestes tempos de incertezas, de horizontes pouco claros, faz bem à saúde patriótica ver gigantes a avolumarem-se
Aqui deixo uma profunda homenagem ao Arcebispo Desmond Tutu. Quando tudo passa, a memória que fica desde grande personagem de cariz mundial – foi Prémio Nobel da Paz – é do poder que uma só pessoa pode ter em termos de transformação social. Para isso, como o Arcebispo Tutu nos mostrou ao longo da sua vida, é preciso combinar uma excelente capacidade de comunicação, dizendo as palavras que tocam as vidas dos mais simples, com um exemplo permanente de humildade e de humanismo, sem perder a alegria de viver e a esperança em dias melhores. É preciso ser-se coerente, nas diferentes facetas da vida. Tutu foi um mestre para quem o procurou ouvir. Um exemplo de liderança positiva.
Passei o serão a rever o filme de Charlie Chaplin “The Great Dictator” (1940).
É uma peça genial que deveria ser obrigatório ver e discutir nas aulas de cidadania.
Passados mais de 80 anos, as abordagens feitas no filme, e em particular o discurso final do “ditador”, são de uma grande pertinência. Uma decisão dessas – passar a fazer parte do programa educativo das novas gerações – estaria em consonância com o facto da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos ter considerado “O Grande Ditador” “uma obra cultural, histórica e esteticamente significante”.
Hoje publiquei o meu texto semanal, no Diário de Notícias. Trata-se de mais uma reflexão sobre as coisas de agora, os grandes perigos que ameaçam a paz, a estabilidade e a vida das pessoas.
O link que se segue permite uma leitura do texto. É verdade que este não é um serão para grandes leituras. Mas haverá certamente quem se interesse, amanhã, depois das festas, por uma reflexão deste tipo.
O Presidente da República escreveu hoje um texto de opinião a que chamou “um ano de transição”.
Uma leitura atenta do texto deixa-nos a questão que o título levanta: estamos em transição para onde? Que quer dizer um ano de transição? A resposta não é clara.
Eu diria que foi sobretudo um ano de expectativas goradas. Em Portugal, na Europa e no mundo.
Em Portugal, porque se esperava ser possível lançar o plano de resiliência e de recuperação, e isso não aconteceu. Também, porque se queria estabilidade política, num período de grandes desafios económicos e sociais, e isso não aconteceu. Antes pelo contrário. Foi um ano de instabilidade governativa, em virtude das tensões que surgiram entre o partido no governo e os partidos seus apoiantes na Assembleia da República. E de instabilidade no seio de certos partidos.
Na Europa, ficaram por resolver as questões do estado direito em alguns países membros, bem como os problemas da imigração e da insegurança energética. A Europa continua a falar de soberania, sem que se perceba bem o que significa soberania na época digital e num espaço geopolítico fragmentado entre 27 nações.
Ao nível internacional, as rivalidades entre as grandes potências entraram uma fase mais complexa de confrontação. E no que respeita à pandemia, a autoridade da OMS não saiu reforçada nem a questão da desigualdade vacinal foi resolvida. Não houve transição. Houve, isso sim, egoísmo nacional a mais.
Na realidade, o texto presidencial é apenas uma fotografia vaga, um exercício de palavras que não ousa aprofundar as questões que levanta.
O único ponto que considero particularmente relevante diz respeito à transição para a pobreza durante o ano de 2021 de várias secções da nossa população. O presidente fala dos mais vulneráveis, mas não inclui na lista as famílias mono-parentais nem os jovens diplomados pelas universidades e que não conseguem sair de casa dos pais porque o seu diploma de mestrado é remunerado ao nível do salário mínimo. Ou seja, temos toda uma geração de jovens universitários, qualificados, mas incapazes de ganhar a independência económica que a vida adulta requer.
Finalmente, acho importante que o presidente faça uma referência especial à questão da saúde mental. Essa é certamente uma área que não tem recebido atenção e os recursos financeiros que seriam necessários. Mas também é preciso falar do Serviço Nacional de Saúde, das imensas dificuldades que enfrenta, do negócio que é a saúde privada, e que não deveria ser, e do esforço extraordinário que muitos profissionais de saúde, a laborar no SNS, têm demonstrado ao longo deste e do ano passado.