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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Fim de trimestre

Na nossa parte do globo, o primeiro trimestre de 2022 termina com uma nota pessimista. Estamos muito longe de resolver o conflito com a Rússia de Vladimir Putin e isso tem custos políticos e económicos significativos. A agressão contra a Ucrânia continua. O processo negocial parece ser mais um truque do que uma tentativa de encontrar uma solução. Putin sabe que não pode perder a face. Irá continuar a ofensiva, na metade leste do país e ao longo do Mar de Azov. Apostar numa mudança de política em Moscovo seria um erro. Putin está convencido que, com o tempo, irá ganhar nas duas frentes: a da Ucrânia e a da confrontação com o Ocidente. Ninguém conseguirá fazê-lo mudar de ideias.

O novo governo

Hoje tomou posse o XXIII governo constitucional. Tenho dúvidas muito sérias sobre a competência de alguns dos empossados. Nalguns casos, só lhes conheço facilidade de conversa, mas sem experiência nem substância que se veja. Mas não vou entrar no jogo dos que criticam antes de ver os resultados. Por isso, nesta fase, a única coisa que me parece razoável é desejar os maiores sucessos à nova equipa. 

Uma réstia de esperança

Esta tarde, numa conversa em directo com a Antena 1, sobre as conversações entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, disse que se deve ser optimista mas com muita prudência. Já havia dito o mesmo ontem à noite, na SIC Notícias, depois de ter recebido indicações de que poderia haver algum progresso em Istambul.

O que parece possível, como acordo, tem muitas condições subjacentes. O cessar-fogo, que deve ser a primeira etapa de um verdadeiro processo negocial, ainda está longe de acontecer. E as palavras têm significados diferentes, quando ouvidas em Moscovo ou em Kyiv.

Também referi que a Rússia está sob pressão para que avance para um compromisso. São cinco os factores que contribuem para essa pressão: as operações no terreno; as sanções; a opinião pública internacional; a Assembleia geral da ONU; e a China.

Esta questão pode ser um tema de um texto mais longo, para publicação ou debate na comunicação social.

Os analistas zarolhos

Não sei se já repararam, mas alguns dos nossos analistas batem sempre em duas teclas. Primeiro, que as preocupações geopolíticas de Putin o autorizam a violar a lei internacional e a invadir um país soberano. Segundo, que a culpa da guerra e das atrocidades estarem a continuar se deve ao facto de Zelensky não se render, não aceitar as exigências do vizinho Golias. O presidente ucraniano é constantemente referido como inexperiente, ingénuo, um pau-mandado dos ocidentais. A sua eleição em 2019 com mais de 73% dos votos populares é varrida para debaixo do tapete. Preferem Putin, que é um trafulha eleitoral e um ditador.

Tudo o que escrevem e dizem anda à volta dessas duas idiotices. Não conseguem sair daí. Nunca mencionam a lei internacional, os princípios da coexistência pacífica, o respeito pela soberania nacional dos outros Estados. Mas andam convencidos que são mais espertos do que os outros, que enxergam o que os outros não conseguem ver. Na verdade, são meros zarolhos ideológicos.

 

As palavras de Joe Biden

Sinceramente, não compreendo as críticas feitas ao Presidente Joe Biden, quando este disse o que disse sobre a política criminosa de Vladimir Putin. No meu texto de sexta-feira no Diário de Notícias, afirmei claramente que a paz na Europa e a cooperação com a Rússia passa pela democratização desse país. Não penso que Putin possa conduzir um processo de democratização. Como também não me parece correto passar uma esponja sobre a agressão, a violência, a destruição e o sofrimento que ele impôs ao povo ucraniano.   

 

O que escrevo e o que é lido

Um texto como o que ontem publiquei no Diário de Notícias é escrito com todo o cuidado, palavra a palavra. Depois, o que demorou horas até chegar à versão publicável é lido a correr por muitos dos leitores. Por isso, recebo comentários, mesmo os mais favoráveis, que mostram que a leitura foi feita de modo apressado. Tiram conclusões que não estão no texto ou que não decorrem do que foi escrito.

Ontem por exemplo, as mensagens principais eram claras: é preciso alargar as sanções a todas as áreas estratégicas que tenham que ver com o financiamento do aparelho militar russo e do cerne do regime; Vladimir Putin não pode fazer parte de uma Europa pacífica e cooperante; cabe à população russa democratizar o seu sistema político; a ajuda militar à Ucrânia é legítima e muito urgente; trata-se de criar as condições para que a sua legítima defesa seja efectiva; a unidade das posições europeias é uma questão fundamental; o risco de uma confrontação armada entre a Rússia e a nossa parte da Europa é elevado.

Não se trata de defender posições belicistas. Também não é uma questão de pessimismo. É, isso sim, realismo e defesa dos valores essenciais em matéria de relações entre os Estados.  

Reflexões e movimento

https://www.dn.pt/opiniao/que-urgencias-trazem-joe-biden-a-europa-14710869.html

Link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. 

Não se trata de simples análises. São reflexões orientadas para a acção política. 

Eis a versão integral do texto de hoje: 

Que urgências trazem Joe Biden à Europa?

Victor Ângelo

 

O presidente norte-americano está na Europa, a título excecional e urgente, o que mostra bem a gravidade da crise atual, causada pela política retrógrada, criminosa e imperialista de Vladimir Putin. Independentemente dos resultados das reuniões em que Joe Biden participou, na NATO, no G7 e no Conselho Europeu, vejo na sua deslocação três objetivos centrais, que procuram responder ao contínuo agravamento da situação na Europa.

Trata-se, primeiro, de enviar uma mensagem cristalina sobre o empenho dos EUA na defesa dos seus aliados europeus. Este aviso é particularmente relevante no momento em que se começa a ouvir em Moscovo uma retórica hostil contra a Polónia. Dmitry Medvedev publicou esta semana um ataque frontal contra a liderança política desse país – e estas coisas não acontecem por acaso. Fazem geralmente parte de um plano de confrontação, que, numa fase inicial, procura criar desassossego no seio da população visada, minar a autoridade da sua classe política e, simultaneamente, formatar a própria opinião pública russa. Assim, a deslocação de Biden a Varsóvia, após Bruxelas, faz parte da mensagem americana. Pensar que Putin exclui a hipótese de entrar num conflito armado contra um país da UE, ou mesmo da NATO, seria um misto de ingenuidade e imprevidência. Estamos, infelizmente, numa espiral em que tudo pode acontecer. O guarda-chuva americano precisa de ser recordado de modo evidente. A visita de Biden serve, antes do mais, esse propósito.

Um segundo objetivo está seguramente relacionado com o aprofundamento das sanções contra a Rússia, procurando, ao mesmo tempo, olhos nos olhos, evitar dissensões entre os líderes europeus. O tema, nomeadamente no que respeita ao gás e petróleo, é muito sensível. Vários países europeus têm expressado fortes reservas, para não dizer oposição, a uma possível suspensão das importações energéticas. Há dias, o chanceler alemão voltou a afirmar que uma medida dessas provocaria uma recessão profunda em toda a Europa. Mas agora, com Putin a decidir que essas importações terão de ser pagas em rublos, ao câmbio que ele quiser fixar, o embargo passa a ser uma questão premente. Só pode haver um aceleramento nesse sentido.

Trinta dias depois do início da agressão militar e de escalada crescente dos atos de guerra, a aprovação de um novo pacote de sanções de grande alcance não pode ser escamoteada. Os europeus têm de aceitar que o risco vindo do Kremlin é muito elevado e não diz apenas respeito à Ucrânia. É fundamental enfraquecer ao máximo a economia que alimenta a máquina de guerra russa. Isso acarretará naturalmente custos para nós. Mas o custo maior, crescente e permanente, é a manutenção de Putin no poder. Ao ponto a que as coisas chegaram, torna-se cada vez mais difícil imaginar um futuro de paz na Europa, paredes meias com o regime russo atual. A nossa convivência pacífica passa pela democratização da Rússia, algo que cabe aos seus cidadãos resolver.

Um terceiro objetivo relaciona-se com a necessidade de acelerar a ajuda material ao esforço de defesa ucraniano. Os EUA acabam de aprovar um montante de mil milhões de dólares em equipamento e armamento defensivo. Essa assistência precisa da facilitação dos europeus para poder chegar tão rapidamente quanto possível ao seu destino. Além disso, deve ser acompanhada de meios adicionais, provenientes dos países europeus. Na véspera dos encontros de Bruxelas, a UE anunciou uma contribuição militar adicional de 500 mil milhões de euros. A disponibilização de tudo isto é extremamente urgente. A resistência aos invasores, que é uma ato de legítima defesa, faz-se com coragem e com meios sofisticados.  

Custa-me ter de escrever um texto assim. Mas há que ser claro: existe, repito, um risco de confrontação armada na nossa parte da Europa. Para o evitar, é preciso prestar um apoio sem reservas à Ucrânia, sermos estratégicos, e firmes, nas nossas respostas económicas, financeiras e políticas contra Putin e estar prontos para aceitar sacrifícios. Em resumo, o momento exige visão, realismo, determinação, subtileza, verdade e disponibilidade de meios.    

A caminho de um conflito nuclear?

Num debate em que participei hoje, surgiu, repetidamente, a preocupação nuclear. Um dos principais intervenientes queria ouvir opiniões sobre a possibilidade de um conflito nuclear entre o lado russo e o nosso. Lembrei-me, então, que nos primeiros dias deste ano os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança haviam assinado uma declaração conjunta para reconhecer que uma guerra nuclear não teria vencedores, acrescentando então que as armas desse tipo tinham apenas um efeito dissuasivo. Na altura, a 7 de Janeiro, escrevi uma coluna no Diário de Notícias sobre essa questão.

Hoje, passados quase três meses sobre a aprovação da declaração, o mundo tem uma configuração diferente. O que era válido na altura agora parece levantar muitas preocupações. E, de facto, a realidade de hoje é preocupante. Estamos numa situação de confronto aberto entre os dois lados. Um confronto que ainda não é bélico, à maneira tradicional. Mas que anda muito próximo da linha vermelha.

Madeleine Albright

Madeleine Albright partiu hoje. Foi a primeira mulher a liderar a diplomacia americana. Antes, havia sido a representante permanente dos EUA nas Nações Unidas. Foi igualmente uma pensadora de referência em matéria de política internacional e de diplomacia. Não aprovou a invasão do Iraque. Nascida na antiga Checoslováquia, escapou à perseguição que os nazis fizeram aos judeus.  

Alexei Navalny, um russo exemplar

Admiro a coragem de Alexei Navalny, o mais conhecido opositor do ditador Vladimir Putin. Penso que Putin também o deve ter em grande preço, ou seja, parece reconhecer que se trata de um oponente de peso. Por isso procurou envená-lo no ano passado. E depois, arranjou maneira de  o mandar para a prisão, por razões absolutamente estapafúrdias. Hoje, arranjou maneira de aumentar o seu encarceramento de mais nove anos.

Um regime que trata assim a oposição política é cruel e nada tem de ver com os valores da democracia e do respeito pelas pessoas e os seus direitos fundamentais.

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