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Vistas largas

Crescemos quando abrimos horizontes

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Crescemos quando abrimos horizontes

Uma França de ódios e fragmentos

As eleições legislativas decorreram ontem. Na França. Hoje, os dirigentes dos diversos partidos que concorreram contra o partido do presidente Emmanuel Macron só mostraram uma preocupação: uma oposição absoluta contra o governo do presidente. Ninguém procurou explicar como poderia contribuir para tornar a França melhor e mais moderna. Todos quiseram sublinhar que o seu objectivo era o de tornar a governação de Macron impossível. Isto revela um misto de imaturidade política com uma fortíssima personalização da vida política francesa. A hostilidade contra Macron conta muito mais do que a procura de compromissos nacionais.

É contra Macron, por este estar no poder. Mas também existem segmentos da população que têm uma enorme antipatia contra Jean-Luc Mélenchon. Para já não falar de Marine Le Pen. A fragmentação política ocorre à volta de ódios contra certas personalidades, por razões justificadas ou por oposição a posições extremas.

Um traço saliente das legislativas francesas

Nas minhas duas intervenções este serão na CNN Portugal chamei a atenção para a vitória espectacular e preocupante do partido de Marine Le Pen nas legislativas de hoje em França. Passar de 8 lugares para 89 mostra que um grande número de eleitores já olha para esse partido da extrema-direita como fazendo parte da normalidade democrática. O discurso político de Le Pen tornou-se mais abrangente, mais amplo nos temas que trata, mais aceitável. Mas por detrás desse discurso está uma filosofia política abominável, uma intolerância que se manifestará se chegarem ao poder e uma aliança com gente como Vladimir Putin. 

Esta foi, para mim, uma das conclusões mais marcantes das eleições de hoje. E convido os analistas a pensarem nisso. Não podem passar ao lado de uma tendência que é preocupante. 

Grandes interrogações

https://www.dn.pt/opiniao/um-ano-muito-insolito-para-onde-vamos-14949666.html

Este é o link para o meu texto desta semana no Dário de Notícias. 

Cito de seguida os dois parágrafos finais do texto.

"Entretanto, a tensão entre os EUA e a China entrou numa fase bem mais perigosa. E o empobrecimento dos países mais vulneráveis, algo que desapareceu das letras gordas dos jornais, está em aceleração. No Sri Lanka, nos países do Sahel, na América Central, no Haiti e no Paquistão, para mencionar apenas alguns. E as economias das nações mais ricas estão cada vez mais a viver à custa do endividamento das gerações futuras, no meio de uma inflação que mostra os desajustamentos entre a produção, as importações e os padrões de consumo. Entretanto, as organizações multilaterais continuam a perder força e imagem.

Estamos em pleno numa encruzilhada de incertezas críticas e de graves riscos. Para onde vamos? E onde estão os líderes visionários, capazes de propor as vias do bom senso?"

Um governo ausente

Estou a ficar com a impressão que o governo já entrou na pausa do verão. Nada se resolve, não há resposta para questões fundamentais, da saúde aos aeroportos, da segurança interna ao arranque do Plano de Reabilitação e Resiliência, das dificuldades de funcionamento das Forças Armadas à falta de controlo das despesas irresponsáveis e corruptas de certas autarquias. Ou então, o governo quer imitar a oposição e mostrar que consegue ser tão falho de ideias quanto eles são.

Apoiar a Ucrânia

A visita conjunta dos dirigentes da Alemanha, França, Itália e Roménia a Kyiv foi bastante positiva, quer do ponto de vista do apoio político quer material. A reunião do Grupo de Contacto, realizada ontem na sede da NATO, também deve ser vista como positiva. Essa reunião destinava-se a coordenar a ajuda material à Ucrânia. Essa ajuda tem de chegar ao país sem demoras.

Entretanto, Moscovo começou a cortar o fornecimento de gás à Europa. Prevejo que ainda corte mais, muito em breve.

A presidência checa da UE

A Chéquia vai presidir à União Europeia durante o segundo semestre. O lema da sua presidência é “repensar, reconstruir, dar um novo poder” à Europa. Parece-me uma divisa estranha, como se fosse preciso reinventar a UE.

O que é preciso é reforçar a coesão e garantir a sua autonomia estratégica. A reflexão deveria começar por aí: tentar chegar a um acordo sobre o que significa uma coesão reforçada e definir um plano que aprofunde a autonomia económica, a segurança e as prioridades políticas do espaço europeu, numa cena internacional muito tensa e perigosa.  

A presidência checa dará igualmente uma atenção especial à situação na Ucrânia. Esse é um tema inevitável e a Chéquia, pelo seu passado, compreende bem a importância da questão ucraniana.  

Estamos a caminho de um desastre anunciado?

Sejamos realistas. Há décadas, muitas mesmo, que a situação internacional não estava tão perigosa como agora. Depois de uma pandemia que paralisou o mundo, temos agora uma combinação de conflitos e tensões muito graves. Nos países mais desenvolvidos, as pessoas saíram do pico da crise sanitária com uma febre consumista muito aguda. A questão do aquecimento global, da destruição acelerada da natureza, desapareceu do radar dos cidadãos. Mesmo Greta Thunberg não se consegue fazer ouvir, ela que tinha mobilizado as atenções globais no período anterior à pandemia. Depois surgiu a guerra, graças à loucura imperialista e ditatorial de Vladimir Putin. Putin quer ser o Czar Pedro o Grande dos nossos tempos, quando na realidade é o pequeno Hitler de 2022. Entretanto, a tensão entre os EUA e a China começou a entrar numa fase bem mais perigosa. E o empobrecimento dos países mais vulneráveis, algo que desapareceu das letras gordas dos jornais, está a ganhar velocidade. No Sri Lanka, nos países do Sahel, na América Central, no Paquistão, para mencionar apenas alguns. E as economias das nações mais ricas estão a viver à custa do endividamento das gerações futuras, no meio de uma inflação que mostra os desajustamentos entre a produção, as importações e o consumo. Entretanto, os sistemas multilaterais continuam a perder força e credibilidade.

Para onde nos leva uma situação assim?

A aposta de Mélenchon

Quando se trata das eleições legislativas, o sistema francês está muito personalizado. Em cada circunscrição, ganha o candidato que, ao passar à segunda volta – se não tiver mais de 50% na primeira e se a taxa de abstenção nessa circunscrição não for muito elevada – fica à frente. Por isso, a personalidade, a experiência e a credibilidade do candidato contam de sobremaneira. Mas não totalmente. Os eleitores também têm em conta a etiqueta política do candidato. Por exemplo, um eleitor da extrema-direita votará, salvo raras excepções, pelo candidato que o partido de Marine Le Pen apresentar.

Desta vez, Jean-Luc Mélenchon conseguiu introduzir um factor novo no processo. Fez campanha para que a eleição fosse vista como uma disputa entre ele e Emmanuel Macron. Ou seja, deu uma dimensão nacional a uma eleição que era normalmente influenciada pelas candidaturas locais. Votar por qualquer candidato da sua coligação representaria dizer não a Macron. Apostava assim em duas linhas políticas: na necessidade de estabelecer um contrapeso, para evitar o poder absoluto do presidente; na impopularidade – aversão, diria mesmo – de Macron junto de determinados sectores da população. A isso juntava uma série de propostas populistas, como por exemplo a reforma aos 60 anos e um salário mínimo aumentado para 1500 euros, ou seja, mais 200 euros do que o valor actual.

Foi uma aposta astuta.

 

Eleições em França

A primeira volta das legislativas francesas mostrou, sobretudo, que uma boa parte dos cidadãos prefere não votar. A taxa de abstenção foi equivalente à registada em 2017: 51,3% dos inscritos não compareceram. Um desinteresse assim levanta muitas questões fundamentais. Esse é certamente um dos grandes debates políticos que continua por fazer e uma questão que precisa de ser tratada de modo muito sério.

A segunda volta terá lugar no próximo domingo. Mas fica claro desde já que haverá uma larga maioria presidencial. O que não é certo é que seja uma maioria absoluta. Ainda o poderá ser, mas não são favas contadas.

Também ficou claro que Jean-Luc Mélenchon conseguiu um bom resultado. Está muito longe de poder realizar a sua ambição – ser nomeado primeiro-ministro – mas terá uma representação importante, embora não determinante, na Assembleia Nacional. Falta agora saber quantos serão os deputados do seu partido e quantos serão os que representarão as outras partes constituintes da sua coligação eleitoral: ecologistas, socialistas e comunistas.

O partido de Marine Le Pen teve um bom número de votantes – 19% –, mas terá um grupo parlamentar relativamente pequeno.

O centro-direita teve menos votos – 11,4% – mas mais bem repartidos. Terá cerca de três vezes mais deputados do que Le Pen.

Ucrânia: passar a uma fase de defesa colectiva

O Artigo 51 da Carta das Nações Unidas afirma o direito inalienável de cada Estado à legítima defesa. Esse direito pode ser exercido de modo individual ou em aliança com outros Estados, que decidam ajudar o Estado agredido na sua resposta ao agressor. O mesmo artigo reconhece a autoridade do Conselho de Segurança, que deve ser imediatamente informado sobre o exercício da legítima defesa, para que possa tomar as medidas que forem necessárias para restabelecer o direito e a paz.

No caso da Ucrânia, o Conselho de Segurança está completamente bloqueado. Por isso, é o direito à legítima defesa que prima. E a Ucrânia tem todo o direito de procurar o apoio de outros Estados. Esse direito inclui a possibilidade do recurso a uma coligação militar, que ajude a Ucrânia a defender-se de um agressor mais forte. Essa possibilidade não pode, de modo algum ser excluída.

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