Microsoft vai despedir 10 mil empregados. Amazon pensa fazer o mesmo. Na semana passada, Goldman Sachs despediu, em 30 minutos, 3200 empregados. Crédit Suisse deverá despedir cerca de 9 mil. Meta, Twitter e outros gigantes tecnológicos preparam-se para seguir o mesmo caminho. O mesmo irá acontecer nalguns dos bancos mais importantes nos mercados internacionais.
O objectivo é sempre o mesmo: reduzir os custos, substituindo os humanos por sistemas de Inteligência Artificial. A IA irá representar, em vários sectores, uma revolução no mercado de trabalho. Até na área da advocacia, por exemplo. Quem irá precisar de um conselho de um advogado, se a internet, através da IA, pode dar a resposta à pergunta jurídica e mesmo, se for necessário, preparar o documento de defesa ou de acusação?
O aceleramento da revolução tecnológica terá um impacto impensável sobre certas profissões.
A reunião anual de Davos começou hoje e vai trazer, ao longo da semana, 52 chefes de Estado e de governo e mais de 600 grandes capitalistas e outras centenas de personalidades para a montanha suíça. Como de costume, os organizadores inventaram um novo conceito, para caracterizar o mundo de 2023: policrises. Estamos no meio de várias crises, que põem em causa a paz, a globalização e a cooperação internacional. A esse conceito acrescentaram fragmentação. Estamos no meio de múltiplos problemas e incapazes de nos unir para os resolver: essa parece ser a mensagem.
O que não parece estar em perigo é Davos. Quem aí aparece por sua iniciativa, terá de meter as mãos ao bolso: a inscrição pode custar 300 e tal mil dólares. Esse é o preço que é preciso pagar para andar nos mesmos corredores por onde andarão os poderosos deste mundo mais uma mão-cheia de representantes de instituições humanitárias e de grupos de pressão. E alguns dos jornalistas mais influentes do globo.
Não podemos ter ilusões. O Grupo Wagner só existe porque serve os interesses de Vladimir Putin. Na realidade, é uma extensão das forças militares russas disfarçada como se fosse uma milícia privada. Assim não está sujeita ao escrutínio político que existe em relação às forças militares, por muito pequeno que esse escrutíno seja. Pode sofrer baixas em grandes quantidades, com a desculpa de que se trata de uma força de voluntários contratados e não de recrutas obrigados ao serviço militar. Perante as famílias, é mais fácil justificar as baixas massivas de mercenários do que explicar a morte de milhares de recrutas. Em batalhas urbanas, frente ao heroísmo ucraniano, as perdas em vidas humanas russas são imensas. Se essas vidas corresponderem a combatentes Wagner têm menos impacto político.
Há muito que dizer sobre o Grupo Wagner. Mas falar dele sem mencionar a responsabilidade da Vladimir Putin seria um erro. Putin é um político astuto. E a criação deste grupo é um exemplo claro dessa argúcia política.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. No essencial, a mensagem é simples: a crise brasileira é, acima de tudo, um grave problema nacional, de política interna; enquanto a crise iraniana tem uma dimensão internacional e é um perigo para a paz na região e para a segurança de vários países.
Dá-me a impressão de que temos o poder político a trabalhar ao ralenti. E isso tem um impacto negativo no funcionamento de várias áreas da função pública. Será só impressão minha?
Marrocos investe imenso em questões de espionagem, contraespionagem e serviços secretos. Tem agentes infiltrados em vários países e instituições. Bruxelas e as agências europeias são um dos alvos preferidos.
Soube-se agora que os mesmos indivíduos que no Parlamento Europeu trabalhavam clandestinamente a favor de Qatar também o faziam para Marrocos. Um dos objectivos era conseguir que a UE proporcionasse um tratamento favorável aos interesses marroquinos, em várias áreas, da pesca ao comércio, passando pela apreciação positiva da prática dos direitos humanos em Marrocos. E que não reconhecesse qualquer tipo de contacto ou de actividade que tivesse de ver com a Saara Ocidental.
Foi agora detido o presidente da Câmara Municipal de Espinho e outros com ele relacionados. Falta tratar do caso do presidente anterior, que está agora no Parlamento pelo PSD e, por isso, tem imunidade, que precisa de ser levantada. Estes são mais uns exemplos da vasta corrupção que existe nos meios políticos, nomeadamente à volta do mau funcionamento das autarquias. O poder local é uma via rápida para a corrupção. Beneficia dos fundos europeus, do mau funcionamento do Ministério da Administração Interna, das redes partidárias municipais e distritais, e assim sucessivamente. Muitos dos negócios são à volta dos terrenos e da mudança da sua classificação e de obras inúteis.
Não tenhamos dúvidas: há muita corrupção no seio dos que andam na política.
O trabalho da Polícia Judiciária é de louvar. Mas muitos destes casos morrem depois nos corredores dos tribunais. E assim, o crime compensa.
Ontem, tive a oportunidade de comentar os acontecimentos que estavam o ocorrer em Brasília em directo, num dos canais de televisão. Sublinhei os enormes desafios que o Brasil enfrenta, na frente doméstica sobretudo. Mas também mencionei que a América do Sul está, neste momento da sua história, em crise profunda. O Brasil é apenas um caso, embora o mais importante, tendo em conta a dimensão do país. E uma das grandes causas dessas crises reside nas imensas disparidades sociais que definem a paisagem sociológica de cada um dos países. Assim, acima de tudo, o trabalho político de Lula da Silva e de outros é o de reduzir essas enormes desigualdades. E de proteger os mais fracos, incentivá-los e fazê-los acreditar no futuro da sociedade a que pertencem. É uma tarefa gigantesca.
A fotografia que mostra Vladimir Putin a assistir a missa do Natal Ortodoxo sozinho, para além dos sacerdotes celebrantes, deixou muitos analistas intrigados e veio aumentar a carga de trabalho dos serviços de informações que têm como função interpretar tudo o que se passa à volta do dirigente russo. Este comportamento tem necessariamente um significado político que precisa de ser compreendido. É muito diferente do que tem sido tradicional e do que seria de esperar.
Este é o link para o meu texto de hoje no Diário de Notícias. Insisto em dois pontos, quando olho para 2023: pensar numa nova maneira de fazer a gestão da paz e obrigar a Rússia a assumir as suas responsabilidades; lembrar que temos de trabalhar diplomaticamente com a China, com muita habilidade e tendo bem presente os interesses de cada parte.
Cito umas frases do texto de hoje:
"Mais, o prolongamento da campanha russa traz consigo o risco, acidental ou deliberado, de pegar fogo à Europa Ocidental e mais além. Razão muito forte pela qual este tem de ser o ano de uma iniciativa de paz, liderada pelos europeus e em colaboração com os EUA e a China, entre outros.
Sim, com a China, mas não com os BRICS, que são uma estrutura cheia de problemas internos -- Brasil, África do Sul -- e de rivalidades entre a Índia e a China. E o relacionamento com a China não prejudica necessariamente a aliança entre os europeus e os norte-americanos, nem contradiz o apoio que temos o dever de continuar a fornecer à Ucrânia. A complexidade do conflito exige uma maneira criativa de intervir na sua solução."