Um dos meus primos viaja frequentemente, cada mês, entre Lisboa e Madrid, por razões profissionais. Aprendeu, com a experiência, que a única opção que funciona bem em termos de horários, pontualidade, serviço, rapidez de embarque e desembarque é a que a easyJet oferece. Ir com a TAP é um desastre: anulações, atrasos, aviões em mau estado, tripulação indiferente, etc.
Por isso percebeu bem o que aconteceu à minha filha que há dois ou três dias voou com a TAP para Zurich: meia-hora de espera na placa em Lisboa em frente do avião, que estava fechado e não tinha tripulação à vista, atraso na partida, as três pessoas da família dispersas na Business Class – tinham pagado essa tarifa –, número insuficiente de refeições sem carne, e uma tripulação arrogante, como é frequentemente o caso na TAP. Mais, uma das casas de banho não estava operacional, algo que a manutenção da TAP sabia desde a véspera, quando o avião fizera a viagem do Funchal para Lisboa.
Se esta é uma companhia de bandeira, como há por aí quem o repita, temos uma bandeira esfarrapada.
O Ano Novo começou engripado. Para o governo – hoje houve mais um escândalo – e para nós, aqui em casa.
Deixemos os problemas da governação com o Primeiro-Ministro, que é aí que eles encontram a sua principal causa – nomear gente sem fazer uma avaliação política, já não digo ética, de cada um dos escolhidos. Aqui em casa, foi preciso chamar o INEM, que demorou uns 15 minutos a chegar, nas horas da manhã. Depois de uma primeira observação, e da estabilização da doente, concluímos que a melhor opção era continuar em casa. O tempo de espera no Hospital São Francisco de Xavier, a dois passos daqui, seria de nove horas ou mais, para quem recebesse uma pulseira verde.
Os técnicos do INEM foram extremamente cordiais. E perante a nossa decisão de não ir passar tempo no corredor de espera do hospital, sugeriram que contactássemos o nosso Centro de Saúde, para marcar uma consulta. A sugestão era apropriada. Mas o problema é que em dois anos e meio, desde o nosso regresso a Portugal, ainda não conseguimos inscrição no Centro de Saúde desta parte de Lisboa.
Como diria o outro, isto de gripes em idades avançadas tem que se lhe diga. Mesmo estando ambos vacinados.
António Costa está metido numa grande encrenca, que ele tem vindo a criar de modo acelerado. Cada nova remodelação resulta numa diminuição do nível médio dos governantes. A de hoje confirmou inegavelmente essa tendência. O novo ministro das Infra-estruturas é uma espécie de ministro dos calhaus. O seu percurso político tem-no demonstrado. Também sabe provocar enxurradas políticas. Mas calhaus e enxurradas não dão credibilidade. Antes pelo contrário. Estamos perante uma costa muito inclinada.
Lula da Silva foi hoje investido como presidente da República do Brasil pela terceira vez. Fez um excelente discurso inaugural. Mas herda um país cheio de problemas, numa região – a América do Sul – onde quase todos os países estão em crise. É uma vizinhança difícil.
Também é verdade que o Brasil tem um potencial enorme. Mas está profundamente dividido em termos de níveis de vida, de escolhas políticas e de classes sociais. Além disso, encontra-se profundamente endividado. As finanças públicas conhecem um défice astronómico. E as novas políticas sociais, prometidas pelo Presidente, irão aumentar consideravelmente a dívida pública, excepto se houver uma reforma fiscal profunda, o que me parece muito difícil de conseguir, tendo presente que metade do país é contra.
Mais ainda, é um país extremamente inseguro e violento. A resolução das questões relacionadas com a segurança dos cidadãos deve ser uma prioridade. O novo presidente não a mencionou, mas estou certo de que compreende a gravidade da situação.