Distrações
Escrevo no TGV, entre Paris e Bruxelas, ao fim de um dia, muito longo, de discussões sobre a política de segurança e defesa da Europa. Vim falar sobre a experiência das Nações Unidas. Da cooperação entre a ONU e a UE na área da manutenção da paz.
Talvez fosse necessário começar por falar sobre a segurança na Gare du Nord, em Paris. Os roubos nos TGVs são frequentes. Ao entrar na carruagem dei com uma mulher jovem numa desesperada procura do seu computador portátil. Desaparecera num abrir e fechar de olhos. O revisor disse-lhe que não havia nada a fazer. Que, por vezes, os larápios chegam a levar malas de viagem, das grandes. Pegam nelas e vão andando, na confusão das multidões que percorrem os cais.
As grandes cidades, os espaços públicos por onde passam milhares de pessoas, são terrenos de caça. É fácil ser presa, quando as aves de rapina andam de olho atento.
Mas a conferência não foi sobre esse tema. Reuniu dezenas de intelectuais, diplomatas, militares e peritos de segurança. E chegou á conclusão que, nas questões militares, são as agendas de dois ou três grandes países da UE que contam. Não é novidade. Também aí, há quem ande com os olhos distraídos e não queira ver.