Refúgios
Passei o dia a andar de um lado para o outro, em Bruxelas. A cidade está cada vez mais internacional, diriam os que vivem à volta das instituições europeias. Mais pubs, mais europeus do Norte, mais inglês a ser falado nas ruas, nos restaurantes, nos escritórios, até mesmo nas consultas hospitalares. Mais recursos financeiros, poder de compra. Mas quem vive nos bairros mais afastados da zona UE vê as coisas de outra maneira. Pensa em termos de véu integral, de bairros imigrantes, do Islão que se torna cada dia mais visível, dos africanos que fazem barulho nas ruas, das gentes que não têm um ar local. Descurtina pobreza, violência e insegurança. O cidadão sente que a cidade se transformou numa torre de Babel, numa selva estranha. A cidade passa a ser uma aglomeração de ghetos, em que cada identidade procura refúgio no seu bairro e aí encontra força para recusar os outros. É uma caracteristica nova, que se está a tornar frequente em certas urbes desta parte da Europa.