Santos e pecadores
Este blog não se mete em questões do foro religioso. Nem mesmo numa Sexta-feira santa, em tempos de Páscoa. A religião é vista como uma decisão pessoal. O que conta é a liberdade religiosa, que inclui o direito e o respeito pelos que não têm fé, e a igualdade das religiões perante a lei. O velho princípio de dar a César o que é de César lembra-nos que é fundamental separar a religião da política. Cada coisa na sua esfera.
É verdade que o Vaticano também funciona como um Estado. E como Estado independente, não deve intervir na política interna dos outros Estados. Mesmo se o Vaticano é representado por um dos melhores serviços diplomáticos que conheço, sempre bem informado e com uma grande capacidade analítica. Durante os meus anos de diplomata, tive a oportunidade de ter um número incalculável de discussões com vários Núncios Apostólicos. Fiquei, aliás, amigo pessoal de um deles, que, como eu, tinha uma grande paixão por barcos e pelo mar, além de ser um excelente velejador e um tenista de competição.
Mas não é essa faceta da Igreja que sobressai, para o comum dos mortais que nós somos. Para cada crente, é a parte religiosa que é valorizada, que toma a primazia.
Sem violar a minha regra, penso que a Igreja Católica está, neste momento, a enfrentar um problema muito sério, à volta das questões da pedofilia. A hierarquia deve debruçar-se sobre o assunto e tomar uma posição inequívoca. É preciso definir uma posição oficial e assumir as responsabilidades. Esta não é uma matéria de fé. É uma questão legal e social da maior importância.