Um problema humanitário
A tragédia do Quirguistão tem passado relativamente despercebida. Estamos numa altura de muitas notícias, do futebol ao desaparecimento do gigante literário que foi Saramago, com mais uns Pereiras pelo meio e umas mentiras que não cabem em nenhum saco, todos os partidos com receio de contribuir para a queda do Governo, que, coitado, anda de rastos, e mais espaço não sobra. Os media não são supermercados da informação.
O Quirguistão é duas vezes maior que Portugal. Tem cerca de 5,5 milhões de habitantes, encontra-se perdido numa das zonas geopolíticas menos estudadas. Mas é uma das zonas que se está a tornar estrategicamente muito importante. Na vizinhança do Afeganistão e do Paquistão, via de trânsito do ópio, alfobre de recrutamento de fundamentalistas, às portas de regiões muito instáveis da China, tudo isto tem que ser tido em conta.
Se cerca de um milhão de pessoas foram, de facto, afectadas pela crise e obrigadas a fugir das suas áreas de residência, temos aqui um problema humanitário a sério. E uma questão política de grande complexidade.